Introdução: A incontinência fecal é uma condição que causa enorme impacto na qualidade de vida dos pacientes e tem etiologia ampla. Atualmente diferentes métodos podem ser usados para tratamento da incontinência, desde medidas dietéticas a tratamentos cirúrgicos. A neuroestimulação sacral é um método que deve ser avaliado em casos de incontinência fecal.
Métodos: Estudo de caso e revisão bibliográfica.
Relato de caso: L.C.F.L., 37 anos, gênero feminino. Iniciou incontinência fecal e urinária na infância com pioria importante na idade adulta da incontinência fecal. Ao exame físico inicial apresentava ausência de contração anal voluntária e ausência de reflexo anocutâneo. Propedêutica evidenciou hipocontratilidade da musculatura esfincteriana e do músculo puborretal ao comando voluntário, com aumento do tônus em repouso. Ainda, descenso perineal que comprometia o compartimento posterior, de pequeno grau, e ausência de abertura dos esfíncteres anais durante manobra evacuatória. Ressonância nuclear magnética da coluna lombossacra não evidenciou alterações. Submetida a diversos tratamentos, entre eles alteração de dieta e biofeedback, sem sucesso. Paciente submetida a implante de neuroestimulador sacral, fase 1, com resposta importante, foi então implantado neuroestimulador definitivo com melhoria do escore de incontinência fecal da Cleveland Clinic (CCFIS) de 13 para 3.
Discussão: A neuroestimulação sacral foi inicialmente usada para tratamento de incontinência urinária e adaptada para tratamento da incontinência fecal e atua na contratilidade da musculatura esfincteriana através da estimulação das raízes nervosas. Pode ser uma opção eficaz para incontinência fecal independentemente da sua etiologia.
Conclusão: A incontinência fecal tem impacto importante na qualidade de vida do paciente e, dessa forma, devem ser esgotadas as opções terapêuticas. A neuroestimulação sacral é uma terapia eficaz e promissora e que deve entrar no arsenal terapêutico para o tratamento da incontinência fecal.