Introdução: As lesões de fossa isquiorretal são raras e representam um desafio. A ressecção enfrenta dificuldades anatômicas e deve ser dosada mediante recidiva.
Objetivo: Apresentar dois casos de lesões isquioanais abordadas através do acesso médio‐lateral coccígeo e revisar a técnica.
Caso 1: Feminina, 59 anos,encaminhada pela ginecologia por achado anormal em ultrassonografia transvaginal. Proctológico: abaulamento extrínseco parede lateral de reto a 3,5cm da borda anal em fossa isquiorretal direita, de consistência fibroelástica, com limites bem definidos e bordos regulares. À ressonância: lesão de 4,5×4×3,5cm em fossa isquiorretal.
Caso 2: Masculino 47 anos, casado, sem comorbidades. Discreta elevação glútea. Hematoquezia esporádica, constipação crônica. Ultrassonografia lesão de 20×7×5mm. Proctológico: abaulamento extrínseco em fossa isquiorretal direita de consistência fibroelástica de 2×3cm, aumentada em relação ao ultrassom, Tomografia não conclusiva.
Técnica: Ressecção médio‐ coccígea em posição genupeitoral parcial. Incisão mediana posterior longitudinal intermediaria a cóccix e canal anal, mantendo‐se adequada distância do aparelho esfincteriano. Acesso a fossa isquiorretal a partir de ressecção mais lateralmente ao plano mediano, sem necessidade de secção das fibras do músculo pubococcígeo.
Evolução: Caso 1 ‐ anatomopatológico classificou lesão como neurilemoma com baixa proliferação celular‐ Schwanoma, confirmado por imuno‐histoquímica; segundo caso compatível com doença lipomatosa benigna. Em ambos não foram registrados distúrbios da evacuação pós‐operatório. Um evoluiu com discreta deiscência de ferida. O acompanhamento de 21 semanas e 40 semanas, respectivamente, sem recidivas.
Discussão: A fossa isquiorretal contém estruturas importantes. O risco de lesões perianais diafragma urogenital havendo preferência na literatura pelo acesso mediano. Ambos os casos foram abordados pelo acesso médio‐coccígeo, com uma discreta modificação, com lateralização em plano muscular, a nível de ligamento anococcígeo, em sentido longitudinal privando a necessidade de secção das fibras do musculo levantador do ânus e permite uma boa visibilização das estruturas da fossa. Não houve distúrbios de continência ou função evacuatória relacionados ao procedimento, com boa ressecabilidade.
Conclusão: Embora não haja consenso, a abordagem posterior parece ser mais segura e respaldada na literatura, desde que reconhecida a anatomia locorregional.