Introdução: A endometriose de septo retovaginal é definida por um processo cicatricial extenso em fundo de saco posterior com obliteração da sua porção inferior e união das porções inferior de útero ao reto, com invasão de tecido endometrial em reto e colo uterino. Pode ser dividida em três tipos, o tipo I é área pélvica de lesão típica ou atípica envolta por tecido cicatricial, o tipo II com lesão formada por retração do reto que envolve lesão típica e tipo III com nódulo endometriótico que infiltra o septo retovaginal. O diagnóstico é eminentemente cirúrgico e o tratamento clínico ainda é controverso.
Descrição do caso: Paciente, 38 anos, apresentava dor anal constante, com lesão infiltrativa retovaginal, ultrassom Endonal 3D evidenciou lesão que acometia o septo retovaginal em reto inferior. Fez biópsia excisional que evidenciou neoplasia fusocelular com áreas adenomatoides, foi conduzida como adenomioma mülleriano. Foi submetida a ressecção cirúrgica extensa, com preservação de esfíncter anal e exteriorização de coto retal transanal para posterior reconstrução, feita após quatro semanas. Histopatológico evidenciou adenocarcinoma moderadamente diferenciado residual. Paciente apresentou boa evolução, sem necessidade de tratamento adjuvante.
Discussão: A endometriose profunda é definida por lesão que penetra mais de 5mm, apresenta comportamento agressivo. Devido a seu diagnóstico complexo, esse deve ser cirúrgico. No entanto, clinicamente pode se apresentar com protalgia, puxo e tenesmo, além de diarreia, geralmente relacionados a menstruação, pode gerar confusão com doenças proctológicas. Seu tratamento é cirúrgico e consiste em ressecção das lesões endometrióticas, com preservação das áreas saudáveis, deve ser feita avaliação de outros órgãos para presença de lesões externas.
Conclusão: O diagnóstico de endometriose de septo retovaginal é complexo e tem incidência crescente, deve ser essencialmente cirúrgico, pode se confundir com adenocarcinoma de reto.