Introdução: A doença de Crohn (DC) é uma das doenças inflamatórias intestinais (DII), ela cursa com sintomas gastrointestinais ao longo de todo o trato digestivo. Suas características inflamatórias provenientes da ativação inadequada do sistema imune mucoso resulta em manifestações extraintestinais (MEI), as quais interferem em conjunto com os sintomas digestivos na qualidade de vida (QV) dos pacientes.
Objetivos: Avaliar a QV dos pacientes sob influência das MEI e determinar a prevalência delas e o perfil clínico e demográfico desses pacientes. Evidenciar a relação entre os segmentos acometidos e a QV, além do índice de Harvey‐Bradshaw (IHB) e o uso de medicamentos com a QV.
Métodos: Estudo prospectivo, transversal, observacional e multicêntrico com 70 pacientes com DC. Foram estudadas variáveis demográficas (idade, sexo e região onde reside) e clínicas (comorbidades, idade ao diagnóstico, tempo de tratamento, medicamentos de uso diário, segmentos gastrointestinais comprometidos pela enfermidade, presença de manifestações extraintestinais, índice de Harvey‐Bradshaw (IHB) e escore de saúde mental e física pelo Short Form Health Survey – 12 (SF‐12).
Resultados: As manifestações de artralgia foram as mais comuns em 44 pacientes, seguidas de artrite em 17 e uveíte em 15. A fístula êntero‐vesical foi a MEI menos observada (1,4%). No teste de regressão múltipla, as MEI pulmonares (p=0,01) influíram na QV física, enquanto o IHB alterou a QV física (p<0,0001) e mental (p=0,009). O uso de medicamentos não influenciou na QV.
Conclusão: A prevalência das MEI foi de 87,14%. O IHB prejudica a QV geral e as MEI pulmonares prejudicam a QV física. Não houve relação entre o uso de medicamentos e a QV.