Área: Doenças malignas e pré-malignas dos cólons, reto e ânus
Categoria: Estudo clínico não randomizado
Forma de Apresentação: Tema Livre (apresentação oral)
Objetivo(s): Avaliar os pacientes que foram submetidos a tratamento cirúrgico por adenomas/adenocarcinomas de duodeno, previamente operados por Polipose Adenomatosa Familiar (PAF).
Método: Análise retrospectiva de prontuários médicos de doentes portadores de PAF, que foram submetidos a cirurgia para o tratamento da polipose duodenal entre julho de 2005 e julho de 2019. Todos tinham antecedente de cirurgia para polipose intestinal, sendo 7 (58,3%) Retocolectomia e reservatório ileal, 2 (16,7%) Colectomia e anastomose ileorretal, 2 (16,7%) Proctocolectomia com ileostomia definitiva e 1 (8,3%) Retocolectomia com anastomose ileoanal direta. Foram avaliados: idade, sexo, indicação do tratamento cirúrgico, cirurgia realizada, anatomopatológico do espécime cirúrgico e complicações pós-operatórias.
Resultados: No período, 12 doentes foram operados, sendo 6 (50%) do sexo feminino, e média de idade de 35,8 (21–59) anos por ocasião do procedimento cirúrgico. A indicação da cirurgia foi ocorrência de adenomas com displasia de alto grau ou adenocarcinoma, sendo baseado nos critérios de Spiegelman. Um paciente (8,3%) apresentava classificação de Spiegelman II; 6 (50%), III; e 3 (25%), IV. Um outro (8,3%) apresentava biópsia compatível com adenocarcinoma à endoscopia e outro (8,3%) não teve descrição endoscópica satisfatória para a classificação. As cirurgias realizadas foram: duodenectomia com preservação pancreática e reimplante de papila (11–91,6%) e gastroduodenectomia, também com preservação de pâncreas e reimplante de papila (1–7,1%). O estudo anatomopatológico do espécime cirúrgico não demonstrou malignidade em nenhum caso. Foram identificados adenomas tubulares e túbulo-vilosos com displasia de baixo e alto grau. As principais complicações que ocorreram no pós-operatório foram: fístula pancreática (8–66,6%), pancreatite (4–33,3%), infecção de ferida operatória (3–25%), insuficiência renal aguda (3–25%), fístula entérica (1–8,3%), abscesso intra-abdominal (1–8,3%), tromboembolismo pulmonar (1–8,3%) e edema agudo de pulmão (1–8,3%). Um paciente (8,3%) evoluiu pra óbito em decorrência de sepse abdominal, insuficiência renal aguda e edema agudo pulmonar.
Conclusão(ões): As cirurgias para tratamento de polipose duodenal apresentaram significativa taxa de complicações. Assim os critérios para a indicação cirúrgica devem ser rigorosamente avaliados uma vez que a evolução destes adenomas para carcinoma costuma ser lenta. Há também necessidade de uma avaliação criteriosa por parte do endoscopista e do patologista no seguimento destes pacientes.