Objetivo: Demonstrar as taxas de sobrevida global e descrever fatores prognósticos em pacientes com adenocarcinoma de reto submetidos a amputação abdominoperineal do reto extraelevadora (AAP).
Método: Série de casos retrospectiva de pacientes com adenocarcinoma submetidos a AAP em um centro oncológico brasileiro entre janeiro/2011 e junho/2017. Análise de sobrevida foi calculada através do método de Kaplan‐Meier e do teste log‐rank. Foram feitas análises univariada e multivariada.
Resultados: Foram submetidos a AAP 41 pacientes com adenocarcinoma de reto, dos quais 31 como abordagem cirúrgica primária e 10 como cirurgia de resgate; 48,8% eram do sexo feminino, com CEA pré‐operatório médio de 25,7 ng/mL (0,8‐556). A maioria do pacientes eram estádio T3 (41,5%) e N0 (70,7%). Videolaparoscopia foi usada em 28,6% dos casos, todos feitos através da técnica extraelevadora, tempo operatório médio de 285 minutos (165‐480), tempo de internação médio de 10 dias (2‐47), complicações Clavien‐Dindo ≥ 3 em apenas cinco pacientes, com mortalidade em 30 dias de 4,9%. O comprometimento da margem de ressecção circunferencial ocorreu em 17,1% dos pacientes, com sobrevida global em cinco anos de 55%. Os principais fatores prognósticos foram: margem de ressecção acometida (p=0,041), linfonodos positivos (p<0,001) e metástases a distância (p=0,023).
Conclusão: Apesar da padronização do tratamento cirúrgico do câncer de reto com a introdução da excisão total do mesorreto, diversos trabalhos têm demonstrado uma superioridade oncológica especialmente da ressecção anterior do reto sobre a AAP, essa última normalmente relacionada a maiores taxas de envolvimento da margem de ressecção circunferencial, maior recorrência local e pior prognóstico. Os valores apresentados no presente estudo vão ao encontro com os expostos na literatura, com sobrevida global em cinco anos que variou entre 27% e 70% e envolvimento das margens de ressecção circunferencial entre 11% e 35%.