Introdução: O aumento das taxas de incidência e mortalidade por câncer colorretal (CCR) no Brasil pode ser consequência do processo de transição socioeconômica. Entretanto, o desconhecimento a respeito da prevenção pode contribuir.
Objetivos: Avaliar o grau de conhecimento a respeito do CCR em pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) e caracterizar a realidade do programa de rastreamento no município de Ribeirão Preto.
Métodos: Estudo transversal, com questionário elaborado a partir de um caso clínico fictício que contém sinais de alarme do CCR, a fim de investigar a capacidade de diagnóstico e prevenção da doença.
Resultados: Foram entrevistados 1.000 indivíduos com média de 46,3±17,8 anos, de janeiro de 2015 a março de 2016. Apenas 80 (8%) indivíduos acertaram o diagnóstico de CCR. Os três diagnósticos mais citados foram: hemorroidas (31,6%), infecção intestinal (23,1%) e doença prostática (13,9%). Foram citados, em média, 0,76±1,3 fatores de risco para o desenvolvimento de CCR e 0,1±0,3 métodos complementares para o diagnóstico da doença. Apenas 3,7% dos entrevistados conseguiram identificar o coloproctologista como responsável pelo tratamento do caso. A análise multivariada mostrou que, no grupo de pacientes, idade ≥ 50 anos, sexo feminino, história familiar prévia de CCR e nível de escolaridade mais elevado foram fatores independentemente associados a maior conhecimento sobre CCR. Na amostra de pacientes com idade ≥ 50 anos, apenas 11,1% haviam feito algum teste de rastreamento e apenas 0,2% haviam recebido informações prévias sobre a doença.
Conclusões: Os usuários de SUS apresentaram baixos níveis de conhecimento sobre diagnóstico e prevenção do CCR. Os achados, associados às praticas inadequadas de rastreamento do CCR, podem contribuir para o aumento do impacto da doença no município.