Objetivo: Os tumores malignos do ânus e canal anal são entidades raras, o que dificulta a produção científica sobre a patologia. Nesse contexto, o estudo visa fazer uma análise de dados epidemiológicos sobre as neoplasias malignas de canal anal e ânus no estado do Piauí entre 1999 e 2014, a fim de avaliar a evolução epidemiológica da doença, bem como verificar possíveis alterações nos padrões de ocorrência.
Método: Foi realizado um estudo retrospectivo de todos os pacientes com diagnóstico de câncer de ânus e canal anal no estado do Piauí em um período de 16 anos (1999 – 2014). As informações foram coletadas do banco de dados de um hospital oncológico de referência que concentra o diagnóstico da enfermidade no estado do Piauí. Os dados foram agrupados em 03 faixas temporais: 1999‐2004, 2005‐2009 e 2010‐2014. Os casos foram divididos por faixa etária: < 20 anos, 21‐40 anos, 41‐60 anos, 61‐80 anos e>80 anos. A taxa de incidência por faixa temporal foi calculada dividindo‐se o número de casos novos surgidos na faixa temporal pela população média estimada entre os anos considerados. A fonte para se obter a população estimada foi o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. A taxa de incidência foi relatada como o número de casos novos de câncer de ânus e canal anal por 100.000 habitantes. A análise estatística dos dados coletados foi realizada utilizando‐se Microsoft Excel® 2007.
Resultados: Em um período de 16 anos (1999 ‐ 2014) foram diagnosticados 179 casos novos de câncer de ânus e canal anal no estado do Piauí. Na faixa etária 41‐60 anos foram registrados 10 casos (1999‐2004), 28 casos (2005‐2009) e 34 casos (2010‐2014) totalizando 72 (40,2%) casos. Já na faixa etária 61‐80 anos foram registrados 29 casos (1999‐2004), 29 casos (2005‐2010) e 28 casos (2010‐2014), totalizando 86 (48%) casos. A taxa de incidência por 100.000 habitantes foi de 1,59 (1999‐2004), 2,10 (2005‐2009) e 2,12 (2010‐2014).
Conclusão: Ao longo das faixas temporais analisadas, percebeu‐se aumento da taxa de incidência por 100.000 habitantes, que evoluiu de 1,59 novos casos por 100.000 habitantes (1999‐2004) para 2,12 novos casos por 100.000 habitantes (2010‐2014). O número de casos diagnosticados na faixa etária 41‐60 anos aumentou 240% quando se compara a faixa temporal 2010‐2014 (34 casos) com a faixa temporal 1999‐2004 (10 casos). Apesar do aumento, a faixa etária mais acometida pela patologia no período estudado foi 61‐80 anos, abrangendo 48% do total de casos.