Objetivo: Algumas técnicas de anoplastia são descritas para reconstituir o canal anal e a junção mucocutânea em pacientes portadores de fissura anal crônica submetidos à fissurectomia. Diferentes tipos de retalhos cutâneos de variada complexidade podem apresentar complicações relacionados à tensão na linha de sutura, suprimento sanguíneo deficiente, deiscência, fibrose, defeitos cicatriciais extensos na área doadora e distúrbios funcionais. O objetivo deste trabalho é descrever uma nova técnica de anoplastia com a utilização do plicoma anal na confecção do retalho, que dispensaria incisões na pele sã adjacente, naqueles portadores de fissura anal crônica refratários ao tratamento conservador.
Métodos: Quinze pacientes de baixo risco cirúrgico (American Society of Anesthesiologists ‐ ASA I e II), portadores de fissura anal crônica refratária ao tratamento clínico (administração tópica de agentes bloqueados de canal de cálcio e otimização do hábito intestinal com medidas dietéticas e emolientes orais), com dados pressóricos esfincterianos manométricos normais, foram selecionados para o estudo. Após consentimento, esses pacientes foram submetidos à fissurectomia e anoplastia com avanço do plicoma sentinela.
Resultados: Dos quinze pacientes selecionados, dez eram do sexo feminino (66,7%) e os demais do sexo masculino (33,3%). Treze pacientes apresentavam fissuras posteriores (86,7%) e os demais na região anterior. Não houveram complicações no intra ou pós‐operatório em nenhum dos quinze casos. Manometria anorretal foi realizada entre o 60∘e o 90∘ pós‐operatório em todos os pacientes com achado de pressão de repouso de 60,5 ± 9,2mmHg e a cicatrização completa ocorreu entre 90 a 180 dias. O tempo médio de seguimento foi de 29 meses (12 a 56 meses) e neste período não foi observada incontinência anal ou recidiva.
Conclusão: Fissurectomia e anoplastia com avanço do plicoma parece ser um procedimento seguro e eficiente para o tratamento da fissura anal crônica, podendo ser utilizado em pacientes selecionados de forma ambulatorial a baixo custo. Os resultados preliminares mostram altos índice de cicatrização e baixa morbidade. Deve‐se considerar como limitações da técnica a necessidade da presença de um plicoma para confecção do retalho e o pequeno número de pacientes avaliados até o momento.