Introdução: Endometriose consiste em uma afecção ginecológica comum, atingindo de 5%‐15% das mulheres no período reprodutivo. Essa doença é definida pelo implante de estroma e/ou epitélio glandular endometrial em localização extrauterina. A maioria das pacientes apresenta sintomas, em diferentes intensidades, sendo os principais dismenorréia, dor pélvica crônica, infertilidade, dispareunia, sintomas intestinais e urinários. O tratamento medicamentoso não promove a cura ou desaparecimento das lesões, apenas melhora dos sintomas clínicos e eventualmente o retardo na evolução das lesões.A cirurgia é a terapêutica de escolha, preferencialmente por videolaparoscopia. A ressecção das lesões e aderências permitem uma melhora da qualidade de vida com diminuição ou extinção da dor e retorno a fertilidade em grande parte das pacientes.
Descrição do caso: Paciente, sexo feminino, 34 anos, com relato de dor pélvica crônica. Diagnóstico de endometriose pélvica profunda, refratária a tratamento clinico durante mais de 6 meses. Submetida a tratamento cirúrgico via laparoscópica com ressecção de implantes ovarianos e retossigmoidectomia, com extração do espécime cirúrgico por via retal.
Discussão: A endometriose geralmente apresenta um padrão assimétrico de distribuição das lesões, com predomínio no compartimento pélvico posterior e do lado esquerdo da pelve. Como o objetivo principal do tratamento cirúrgico é o de remover completamente todas as lesões profundas, a localização das lesões determina a escolha da técnica cirúrgica em cada caso. A endometriose infiltrativa profunda frequentemente apresenta lesões infiltrando o septo retovaginal, que muitas vezes requer ressecção cirúrgica para controle dos sintomas. Uma vez que ocorre normalmente em mulheres jovens, a retirada da peça por via retal ou vaginal prescinde da realização de incisão cirúrgica acessória e, consequentemente, possibilidade recuperação pós‐operatória mais acelerada e melhor imagem corporal.
Conclusão: As lesões da endometriose pélvica profunda têm uma tendência de ser multifocal, afetar preferencialmente o compartimento pélvico posterior e comprometer o reto em uma parcela significativa das pacientes. Uma vez que uma parcela das pacientes deverão ser submetidas a ressecção cirúrgica das lesões, a utilização de técnicas minimamente invasivas e extração transretal do espécime cirúrgico permite melhor cosmese e possivelmente melhor recuperação pós operatória.