Introdução: Os efeitos da quimioterapia e da radioterapia na funcionalidade anorretal ainda são pouco estudadas, o que torna‐se relevante principalmente porque a terapia neoadjuvante do câncer de reto está associada a maiores taxas de preservação esfincteriana e redução de recidiva logo regional.
Objetivo: Avaliara função anorretal de doentes com câncer do reto por manometria e grau de incontinência pelo escore de Wexner antes e pós‐terapia neoadjuvante.
Material e método: Pacientes com adenocarcinoma foram submetidos à manometria anorretal com sistema de perfusão pneumohidráulico com cateter axial de oito canais, antes e oito semanas após terapia. Foram avaliadas a pressão anal média de repouso, pressão máxima de contração voluntária. Os pacientes foram divididos em dois grupos definidos pela altura da lesão, a partir da linha pectínea, grupo1 lesão ≤ 4cm e grupo 2 lesão > 4cm. Empregou‐se o escore de Jorge‐Wexner pré e pós neoadjuvância para a avaliação clínica do grau de incontinência.
Resultado: Trinta e três indivíduos, com idade média de 62.39±12.21 anos, sendo 81.8% do sexo masculino foram estudados. O IMC foi de 25.8±5,16kg/m2 e 57.6% eram brancos. A avaliação pré neoadjuvância evidenciou que os pacientes do grupo1 apresentaram pressão média de repouso de 45.84±16.01mmHg e do grupo 2 62.5±16.66mmHg, ou seja dentro da normalidade. Após tratamento ambos os grupos apresentaram queda significativa da pressão de repouso, grupo 1 (35,01±11.55mmHg, diminuição de 10,38mmHg P=0,001) e grupo 2 (41,66±14,20mmHg diminuição de 20,84mmHg P=0,026). Quanto à contração voluntária máxima, a avaliação pré neoadjuvância evidenciou pressão de: grupo 1 160,3±39.85mmHg, grupo 2 168.75±58,98mmHg, dentro da normalidade. Após o tratamento, ambos os grupos apresentaram queda nos valores de contração grupo 1 (138,53±52,44mmHg diminuição de 21,77mmHg P=0,008), grupo 2 (142,26±49 diminuição de 26,49mmHg P=0,078). Quanto à análise do grau de incontinência pelo escore de Wexner o grupo 1 apresentou média de 3,56±3,11 e o grupo 2 média de 3,88±4,49. Na avaliação pós‐tratamento a média apresentada no grupo 1 foi 3,19±4,21 P=0.55 e no grupo 2 4,00±5,62 P=0.79.
Conclusão: O emprego de terapia neoadjuvante associou‐se a diminuição dos valores de pressão de repouso e contração voluntária (p<0,05), independente da altura da lesão e o grau de incontinência não apresentou alteração.