Introdução: A hemorragia digestiva baixa (HDB) é responsável por 20% das hemorragias digestivas. É mais comum no sexo masculino e em idosos. Clinicamente caracteriza‐se por hematoquezia, enterorragia e melena. Nesse contexto, tem‐se a colonoscopia como importante exame para identificação da fonte do sangramento, assim como para tratamento.
Objetivo: Correlacionar a clínica de enterorragia com os diagnósticos mais prevalentes observados na colonoscopia e avaliar a eficácia do método no diagnóstico e tratamento. Existem poucos dados sobre o assunto na literatura.
Métodos: Estudo retrospectivo, de corte transversal, a partir de laudos de colonoscopia de pacientes atendidos em serviço de referência no tratamento de hemorragia digestiva na Bahia, de janeiro de 2016 a junho de 2017.
Resultados: Dentre os 971 pacientes do estudo, 332 apresentavam HDB como indicação para o exame, 91 por enterorragia; 56 eram do sexo masculino, 35 do feminino e 71 tinham idade maior ou igual a 50 anos. Dos casos presentes de enterorragia, a doença diverticular (DD) (22 pacientes) foi a principal causa. As demais causas de enterorragia, em ordem decrescente de prevalência, foram doença hemorroidária (DH) (14 pacientes), angioectasias/angiodisplasia (nove), pólipos colônicos e doença inflamatória intestinal em investigação (cada um com sete), neoplasia colônica e varizes retais (cada um com quatro). Oito exames foram concluídos como normais. A literatura mostra que a DD é a grande causa de HDB, seguida de DH, neoplasias e angiodisplasias. Tivemos apenas dois casos de enterorragia secundária, pós‐polipectomia, os quais foram tratados com clip, e sete casos de angioectasias tratados com plasma de argônio. Em um caso foi identificado resíduo hemático no trajeto, porém sem sangramento ativo.
Conclusão: O exame de colonoscopia se mostra eficaz para identificar a causa e oferecer tratamento adequado, quando assim for necessário.