Introdução: A Doença de Crohn (DC) pode atingir a região perianal em até 60‐80% dos pacientes. Fístulas e abscessos estão entre as manifestações mais difíceis de serem administradas na DC perianal, podendo se manifestar em conjunto com fissuras, úlceras, plicomas aberrantes, estenose de canal anal e fístulas reto‐vaginais. O tratamento cirúrgico da fístula anal na DC é necessário naqueles pacientes que apresentem sintomas refratários à terapêutica clínica ou desenvolvem complicações agudas e crônicas.
Objetivo: Apresentar uma revisão sistemática dos pacientes portadores de DC submetidos à cirurgia orificial em decorrência de fístula anal, atendidos no ambulatório de Coloproctologia, entre 18/03/2014 a 30/05/2018.
Métodos: Estudo retrospectivo do banco de dados dos pacientes atendidos de 18/03/2014 a 18/03/2018 com indicação para cirurgia orificial (exame sob anestesia, drenagem de abscesso, fistulotomia com e sem seton), decorrente de fístula anal.
Resultado: Durante o período foram diagnosticados 215 pacientes com fístula anal, sendo 15 (7%) dos pacientes portadores de DC. Foram analisados os dados: idade, sexo, queixa principal, tipo de cirurgia realizada e reabordagem cirúrgica. Destes 4 (26%) eram do sexo feminino e 11 (74%) do sexo masculino. A idade média foi de 40 anos (20‐87). Como queixas principais: 14 (93%) tinham dor e aumento secreção anal e 1 (9%) apresentava dor e secreção vaginal. No período disposto acima, 11 (74%) foram submetidos ao tratamento cirúrgico: 5 (46%) fistulotomias com seton, 4 (36%) exames sob anestesia com biopsia e 2 (18%) fistulotomias sem seton. Dois (18,2%) foram reabordados no período de 1 ano sendo necessário drenagem de abscesso e troca de seton.
Conclusão: Após uma avaliação detalhada, o cirurgião define a estratégia e a técnica cirúrgica baseado nos múltiplos fatores pré e intraoperatórios. É evidente que a forma ideal de tratamento para DC anal é o tratamento clínico e drenagem do abscesso quando ele ocorre. O tratamento definitivo deve ser repensado após seleção cuidadosa, levando em consideração a possibilidade de distinção entre DC anal e fístula primária. A qualidade de vida dos paciente normalmente melhora após a cirurgia especialmente se medidas para controle da doença de base forem adotadas reduzindo a chance de recidiva.