Introdução: O carcinoma basocelular (CBC) perianal é uma neoplasia rara que representa menos de 0,2% dos tumores anorretais. Na maioria das vezes é assintomático, o que somado a sua localização, dificulta ainda mais o diagnóstico. O objetivo desse relato de caso é apresentar um paciente com CBC perianal juntamente com revisão de literatura do assunto, destacando os tipos de apresentação clínica, histopatológica, tratamento e seguimento.
Descrição do caso: A.M.B., feminina, branca, 66 anos, atendida no Serviço de Coloproctologia de um Hospital terciário, com lesão pruriginosa em região perianal associada a dor leve e inflamação local com resolução espontânea, porém sem cicatrização completa da lesão, há um ano. Ao exame físico, identificada lesão elevada, ceratósica, hipocrômica, de 2,0×1,5cm em borda anal direita sem acometimento do esfíncter anal, sem linfonodomegalia ou lesões cutâneas similares em outras regiões do corpo. Realizou‐se biópsia excisional em cunha, de 0,8cm de espessura e 2cm de margem com fechamento primário. O exame anatomopatológico revelou CBC nodular, superficial, pigmentado e inflamação crônica inespecífica discreta, com margens cirúrgicas livres. A.M.B. teve boa evolução pós operatória, sem sinais de recidiva local ou outras lesões sugestivas em demais regiões do corpo em um ano de seguimento clínico.
Discussão: O CBC perianal geralmente tem crescimento lento, mede entre 1 e 10cm, pode ter ulceração central e bordas elevadas. Estas lesões podem se estender até o canal anal, mas raramente são invasivos ou metastáticos. O tratamento de escolha é excisão local com margens livres, podendo se associar a rotação de retalho ou enxertos. Outras opções incluem a criocirurgia, curetagem, shaving, eletrodissecção, laser de gás carbônico e microcirurgia de Mohs. A amputação abdominoperineal do reto é reservada para lesões que se estendem acima da linha pectínea. Neste relato, optou‐se pela biópsia excisional e fechamento primário, uma vez que a lesão não se extendia pelo canal anal e havia tecido local suficiente para cobertura da área exposta, sem a necessidade de rotação de retalhos ou enxertos. O seguimento é de 5 anos, pois 30 a 50% dos pacientes desenvolverão um novo CBC. Recomenda‐se autoexame regular da pele e se nova suspeita, avaliação médica minunciosa.
Conclusão: O CBC em áreas fotoprotegidas é infrequente sendo necessário alto índice de suspeição para o tratamento precoce e adequado.