Área: Doenças malignas e pré‐malignas dos cólons, reto e ânus
Categoria: Relatos de caso
Forma de Apresentação: Pôster
Objetivo(s): Relatar o caso de um paciente com doença de Crohn que desenvolveu carcinoma espinocelular na região perianal em vigência de Ustequinumabe.
Descrição do caso: Masculino, branco, 52 anos, portador de doença de Crohn ileal e colônica com diagnóstico em 1985. Previamente submetido a quatro enterectomias (1985, 1991, 2001 e 2006) por estenoses do delgado e colostomia em alça do sigmoide por estenose do reto. Em uso de Ustequinumabe em monoterapia com bom controle da doença. Utilizou Azatioprina, que foi descontinuada devido a desenvolvimento de múltiplos carcinomas basocelulares na face e membros superiores. Também utilizou Metrotexate e Infliximabe suspenso por tuberculose latente). Em 2018 evoluiu com aparecimento de nódulo perianal pequeno, que foi ressecado. O exame anatomo‐patológico evidenciou carcinoma espinocelular pouco diferenciado. Foi optado por suspensão do imunobiológico. Em abril de 2019 a ressonância magnética da pelve demonstrou área de fibrose associada a pequeno trajeto fistuloso interesfincteriano na região posterior direita do canal anal, sem evidência de lesão infiltrativa ou de linfonodomegalias. O paciente está sendo submetido a exames físicos frequentes e não apresenta sinais de recidiva da lesão.
Discussão e Conclusão(ões): Os tumores malignos do canal anal representam 2% dos tumores malignos digestivos, sendo o mais prevalente o carcinoma epidermoide (85%). Alguns fatores de risco possuem forte correlação com o desenvolvimento dessa neoplasia, como o sexo feminino, infecção por papiloma vírus humano (HPV), imunossupressão e tabagismo. O tratamento consiste em quimio e radioterapia, reservando‐se o tratamento cirúrgico para os casos refratários. A excisão local é reservada para os tumores precoces menores que 2cm, com histologia bem ou moderadamente diferenciada, sem invasão esfincteriana. A literatura descreve associação entre tumores de origem epitelial e o uso prolongado de imunobiológicos e Azatioprina. Não há descrição associando Ustequinumabe e o desenvolvimento de neoplasias epiteliais, porém deve ser inferida essa relação causal frente à ausência de outros fatores de risco.