Introdução: Os cistos triquilemais proliferantes (CTP) são neoplasias benignas raras originadas do istmo folicular que podem desenvolver ceratinização triquilemal e degeneração maligna para carcinoma epidermoide. Os CTP acometem principalmente mulheres idosas e localizam‐se, em mais de 90% dos casos, no couro cabeludo. O desenvolvimento de CTP na região perianal ainda não foi descrito.
Objetivo: Apresentar caso de CTP localizado na região perianal.
Relato do caso: Mulher, 56 anos, procurou serviço especializado, queixava‐se do crescimento progressivo de lesão nodular na ânus havia oito anos. Negava dor, sangramento ou alteração do hábito intestinal, referia pequeno desconforto perianal ao sentar‐se. O exame proctológico identificou lesão cística, na região psterolateral direita do ânus, a 2cm da transição mucocutânea, media 3cm em seu maior diâmetro. À palpação a lesão era indolor, apresentava consistência fibroelástica. Ao exame digital do reto não identificaram‐se abaulamentos ou infiltração da parede do canal anal ou reto. A ressonância magnética (RM) da pelve confirmou a presença de imagem nodular única, cística, ovalada, com conteúdo mucinoso em seu interior, localizada próximo à margem anal na linha posterior mediana, de contornos regulares e limites bem definidos. A RM mostrou ainda que a lesão media 2,5 x 1,7 x 2,2cm e não invadia a musculatura esfincteriana, não apresentava relação com o cóccix, invasão da parede retal ou linfonodomegalias regionais. Optou‐se pela ressecção cirúrgica da lesão e preservação das margens circunferenciais de 1cm. O estudo anatomopatológico mostrou tratar‐se de lesão escamosa com ceratinização do tipo triquilemal formada principalmente por células escamosas com ceratinização abrupta, continha áreas hialinas, permitiu o diagnóstico de CTP confirmado posteriormente por painel imuno‐histoquímico. A lesão apresentava baixo grau de proliferação celular e não se detectou transformação maligna.
Conclusão: O desenvolvimento de CTP na região perianal é uma possibilidade excepcional, mas o tratamento cirúrgico deve ser sempre indicado pelo risco de degeneração maligna para carcinoma epidermoide.