Introdução: O adenocarcinoma que acomete a flexura esplênica (FE) representa cerca de 5% a 8% das neoplasias colorretais. O manejo cirúrgico desses tumores é difícil e controverso em função da dupla drenagem linfonodal através de ambas as cadeias mesentéricas, assim como a dificuldade de acesso e proximidade com outros órgãos. O melhor tratamento cirúrgico para tumores da FE não está bem estabelecido. Não há consenso quanto à extensão da ressecção e ao acesso.
Objetivo: Demonstrar em vídeo os aspectos técnicos da colectomia esquerda segmentar (CES) videolaparoscópica para neoplasias localizadas na FE.
Descrição do caso: Paciente masculino, 73 anos, sem comorbidades ou cirurgias prévias, apresentou‐se com hematoquezia e emagrecimento de cerca de 2kg nos últimos três meses. Colonoscopia evidenciou lesão neoplásica estenosante no ângulo hepático do cólon, cujo anatomopatológico confirmou adenocarcinoma. Tomografias evidenciaram espessamento em parede do terço distal do cólon transverso e sem sinais de lesões secundárias. Paciente foi submetido a videolaparoscopia com identificação da tatuagem na FE, optou‐se pela feitura de CES com ligadura da artéria cólica esquerda e preservação da artéria mesentérica inferior.
Discussão: A abordagem laparoscópica do câncer da FE ainda é muito desafiadora em função da necessidade de dissecção de dois troncos vasculares, tanto da artéria cólica média quanto da artéria mesentérica inferior. A feitura da CS visa à linfadenectomia a partir da emergência da artéria cólica média, porém diversas séries de casos falharam em demonstrar benefício da primeira sobre a CES. De fato, em uma série com 167 pacientes com tumores da FE, apenas um apresentou metástase linfonodal na raiz de vasos cólicos à direita.
Conclusão: A abordagem cirúrgica das neoplasias localizadas na FE ainda é controversa. A feitura da CES por via laparoscópica, embora desafiadora, é factível e segura do ponto de vista oncológico.