Introdução: A colite microscópica linfocítica (CL) é uma doença inflamatória do trato colônico caracterizada, usualmente, por diarreia crônica aquosa não sanguinolenta e ausência de expressão laboratorial, endoscópica ou radiológica. O diagnóstico é feito exclusivamente por meio anatomopatológico, o qual evidencia aumento do número de linfócitos intraepiteliais (≥ 20 por 100 células epiteliais), epitélio vacuolizado, aplanado, com depleção de mucina ou zonas de descolamento em relação à membrana basal. Entre os fatores de risco mais associados à doença estão: sexo feminino, idade avançada, diagnóstico de doenças autoimunes, tabagismo e medicações – inibidores da bomba de prótons (IBP), anti‐inflamatórios não esteroidais (AINEs) e inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs).
Relato do caso: Feminina, 28 anos, procedente de Itajaí‐SC, tabagista (10 anos/maço), portadora de Transtorno de Humor Bipolar ‐ em tratamento regular com lítio, tricíclicos, sertralina e quetiapina via oral ‐ e intolerância a lactose. Procurou atendimento ambulatorial relatando que há cerca de 1 ano iniciou com quadro de diarreia aquosa, com presença de muco, associada à distensão e dor abdominal difusa. Nega hematoquezia, enterorragia, febre ou alergias. Solicitados exames laboratoriais, colonoscopia e entero‐ressonância magnética sem alterações. No entanto, biópsia evidenciou: mucosa colônica apresentando importante linfocitose intraepitelial (> 20%), compatível com o diagnóstico de Colite Microscópica Linfocítica.
Discussão: Devido à sua baixa incidência e sintomatologia semelhante, a colite microscópica apresenta diagnóstico diferencial com Doença de Crohn (DC). No entanto, ao contrário das Doenças Inflamatórias Intestinais (DII), alterações na mucosa são raramente observadas nessa patologia. Em casos de colonoscopia sem alterações macroscópicas em pacientes sintomáticos possíveis diagnósticos diferenciais devem ser estabelecidos, uma vez que quadros como esse podem ser confundidos erroneamente com distúrbios funcionais, deixando o paciente sem o tratamento adequado e contribuindo para a piora da doença.
Conclusão: É de extrema importância que estando o médico frente a quadros de diarreia crônica não sanguinolenta com colonoscopia sem alterações seja feito diagnóstico diferencial com colite microscópica linfocítica.