Introdução: O condiloma anal é uma doença sexualmente transmissível com cerca de um milhão de novos casos diagnosticados anualmente no mundo. As taxas de prevalência e recorrência da doença são expressivamente maiores em pacientes imunocomprometidos. O grau de displasia celular, os subtipos de HPV e a reinfecção por contato sexual, além da multiplicidade de parceiros sexuais estão relacionados com a recorrência da doença. O comprometimento da imunidade celular está associada com o surgimento de lesões previamente assintomáticas e latentes, fazendo com que pacientes com baixa contagem de CD4+estejam mais susceptíveis às manifestações e recidiva da infecção pelo HPV. A prevenção da recorrência se torna então um desafio o tratamento da recorrência da doença e os efeitos adversos das terapias locais são mais frequentes.
Descrição do caso:C.H.S., masculino, 27 anos, HIV +, contagem de CD4 + 350 na consulta inicial. Apresentando lesões verrucosas circunferenciais restritas à região perianal. Inicialmente realizado tratamento tópico com ácido tricloroacético a 90%. Evoluiu com recidiva, sendo iniciado imiquimod 5% tópico, 9 doses em dias intercalados, com regressão completa das lesões. Após três meses, houve recidiva do condiloma com úlcera perianal tardia na segunda semana após novo tratamento com imiquimod 5% tópico. Sorologias para outras DSTs negativas. Suspenso o imiquimod 5% e iniciado antibiótico tópico, com melhora completa dos sintomas e regressão total das verrugas genitais.
Discussão: A imunoterapia tópica apresenta grande eficácia a longo prazo e taxa de cura de 95% estando indicada nos casos recidivantes. Porém, tal terapia apresenta como possíveis eventos adversos locais, nas áreas de aplicação: vermelhidão, descamação, erosão, escoriação, edema, alterações de pigmentação, prurido, ardência, dor, bolhas e úlceras de pele. A falha desta terapia está relacionada a: intercurso sexual anal antes do fim do tratamento, infecções latentes, presença do HPV em camadas superficiais da pele ou mucosa que dificultam a ação fagocitária dos linfócitos circulantes. Muitas vezes a vacinação reduz os índices de recidiva, porém estabelecer uma imunidade celular adequada é fator primordial na prevenção das recidivas.
Conclusão: As recidivas de lesões por HPV nos pacientes soropositivos é muito frequente, portanto é necessário atentar à imunidade e aos efeitos adversos do tratamento local.