Introdução: A constipação intestinal crônica é um termo que representa sintomas de diferentes etiologias e fisiopatologias, sua prevalência varia de 2 a 30% da população ocidental. Não existe uma definição única para constipação, o que leva a uma grande discrepância na condução propedêutica e terapêutica. Recentemente, em um consenso de especialistas, foram postulados alguns critérios para a sua definição (critérios de Roma II). Dentre vários exames para a avaliação da constipação, a manometria anorretal é o mais usado.
Objetivo: Avaliar retrospectivamente os pacientes com diagnóstico de constipação crônica submetidos a esse exame.
Material e métodos: Foram avaliados, retrospectivamente, 69 pacientes, com queixas de constipação, enviados para manometria anorretal e testes de sensibilidade, capacidade e expulsão de balão intrarretal.
Resultados: Houve um amplo predomínio do sexo feminino com 71,01% dos pacientes adultos (49). Foram avaliados 10 crianças/adolescentes (média de 8,8 anos), com suspeita de megacólon congênito, apresentaram um predomínio do sexo masculino (77,77%). Observamos: oito pacientes tiveram o exame normal; pressão de repouso aumentada em 11 pacientes e diminuída em cinco; pressão de contração aumentada em oito e diminuída em quatro; zona de alta pressão diminuída em seis; sensibilidade (threshold) aumentada em oito e diminuída em 18; capacidade retal aumentada em 11 e diminuída em cinco; contração muscular paradoxal ao esforço para evacuar em 13; teste de expulsão do balão negativo em 12. No grupo de pacientes com suspeita de megacólon congênito oito tiveram a confirmação com reflexo inibitório negativo.
Conclusão: Os achados da manometria anorretal orientam a conduta no paciente constipado, pode ser sugerido que essa avaliação seja feita inicialmente em todos esses pacientes.