Introdução: Fístulas anorretais são processos supurativos crônicos caracterizados por comunicação anormal delimitada à parede do reto e canal anal ou que se estabelece entre esse e os tecidos ou órgãos vizinhos. O uso dos métodos de imagem auxilia na identificação completa das fístulas e seus trajetos, na sua relação com esfíncter anal, resulta em melhor planejamento cirúrgico, menor trauma sobre o aparelho esfincteriano e, consequentemente, menor morbidade ao paciente.
Objetivos: Avaliar a acurácia do ultrassom 3D no diagnóstico de fístulas perianais, com vistas a planejamento terapêutico.
Métodos: Estudo prospectivo feito entre maio de 2012 e junho de 2017, incluiu 69 pacientes com diagnóstico clínico de fístula perianal, 40 mulheres e 29 homens, entre 17 e 73 anos, submetidos à ultrassonografia endoanal 3D para avaliação pré‐operatória dos trajetos fistulosos. Foram avaliados: a identificação do orifício interno, do trajeto fistuloso, o grau de comprometimento esfincteriano e a presença de trajetos secundários. Para identificação dos trajetos fistulosos foi usada também injeção de peróxido de hidrogênio.
Resultados: O orifício interno foi identificado em 67 pacientes. Trajetos complexos ou secundários foram evidenciados em 17,4% dos casos (12 pacientes). A presença de lesões esfincterianas associadas foi observada em 11 pacientes. Em três pacientes foram diagnosticadas fístulas retovaginais. A avaliação do acometimento esfincteriano maior do que 50% ocorreu em 16 pacientes (23,18% dos casos). Houve coincidência entre os achados cirúrgicos e ultrassonográficos em todos os pacientes operados, contudo houve duas recidivas. Foram classificados 21 pacientes (30,43%) como portadores de fístula anal complexa, o que revela uma taxa significativa de fístulas complexas.
Conclusão: A avaliação completa do complexo fistuloso é condição indispensável para escolha adequada da abordagem cirúrgica. A ultrassonografia em 3D possibilita identificação da extensão longitudinal do trajeto fistuloso, fornece completa orientação com relação ao aparelho esfincteriano, além de possibilitar, com alta sensibilidade, a identificação do orifício interno em mais de um plano.