Introdução: Fístulas retovaginais (FRV) apresentam significativo impacto na vida das pacientes. Pela sua variabilidade etiológica, constituem um grande desafio para os cirurgiões, com múltiplas opções de tratamento.
Objetivo: Avaliar as taxas de cicatrização em quatro pacientes portadoras de FRV pelo retalho de Martius.
Método: Análise retrospectiva de uma série de quatro casos de portadoras de FRV, operadas pela técnica de Martius, com análise demográfica e do desfecho de cicatrização.
Resultados: Quatro pacientes foram consecutivamente operadas pela técnica de Martius em um ano. Foram analisadas uma paciente com FRV pós‐radioterapia (76 anos), uma com FRV pós‐anastomose coloanal por endometriose profunda (40 anos) e duas pacientes jovens com FRV por doença de Crohn (DC) (27 e 37 anos). Todos os casos apresentaram tentativas prévias de rotação de retalho mucoso retal, à exceção da paciente mais jovem com DC. Ileostomias em alça de desvio foram usadas nas três pacientes com cirurgias prévias. Dos quatro casos, as duas pacientes com DC apresentaram recidiva nas primeiras quatro semanas. A primeira paciente apresentava quatro tentativas de retalhos prévios e a segunda paciente não foi submetida a ileostomia de desvio e era usuária de corticoides por hepatite autoimune, além de ustequinumabe para a doença de base.
Conclusão: O retalho de Martius é uma opção consistente no manejo das FRV complexas, mesmo em casos com retalhos mucosos prévios. O desvio do trânsito com ileostomia protetora pode aumentar as taxas de cicatrização e os resultados usualmente são menos promissores em portadores de DC.