Área: Doenças malignas e pré‐malignas dos cólons, reto e ânus
Categoria: Relatos de caso
Forma de Apresentação: Pôster
Objetivo(s): Relatar um caso de dermatite actínica (DA) em nádega após esquema Nigro para terapêutica de carcinoma escamocelular (CEC) de canal anal.
Descrição do caso: Homem, 60 anos, sem comorbidades ou antecedentes familiares para câncer colorretal, relatou que, em 2014, apresentou abaulamento anal, indolor, com crescimento progressivo e sangramento intermitente. Queixava‐se de episódios de incontinência fecal esporádica para fezes líquidas. Em 2015, o paciente foi diagnosticado com CEC moderadamente diferenciado de canal anal com metástase para linfonodos inguinais bilaterais (cT4cN2M0). Paciente foi submetido à terapêutica com esquema Nigro, radioterapia (RT) com 5940 cGy e quimioterapia (QT) com Cisplatina (CP) e 5 Fluorouracil (5‐FU), apresentando resposta completa. Entretanto, cursou com DA em nádegas, alteração do hábito intestinal (HI), caracterizado como urgência fecal, esforço evacuatório importante e piora da incontinência, com perda de fezes formadas. Ao exame proctológico: hiperemia perianal com área hipercrômica circunjacente, alteração da textura da nádega, com rigidez e perda da elasticidade da pele; ao toque, inicialmente impérvio, nota‐se área fibrótica tunelizada em nádega, passível de dilatação digital, medindo 4cm de extensão até o ânus. O paciente vem em seguimento ambulatorial, com melhora das queixas, com HI em dias alternados, sendo submetido a toques retais dilatadores, regulares, com frequência variável, referindo esforço evacuatório aumentado, independente do intervalo entre as dilatações.
Discussão e Conclusão(ões): Na literatura, a DA está relacionada à toxicidade da quimiorradioterapia (QRT) combinada. Em estudo recente, a anoproctite e dermatite perianal ocorreram em 1/3 dos pacientes com radiação nas doses de 30Gy e, em metade a 2/3 dos pacientes, na dose de 54 a 60Gy. O paciente descrito mantém esforço evacuatório aumentado, sem modificação desse padrão a despeito do intervalo entre as dilatações. Não foi encontrado na literatura, evidências para o manejo do caso quanto à frequência das dilatações, assim como dados sobre o risco de obstrução. Portanto, o caso descrito destaca uma complicação actínica incomum com necessidade de abordagem individualizada.