Introdução: Doenças inflamatórias intestinais, doença de Crohn (DC) e retocolite ulcerativa (RCU), são doenças idiopáticas do trato gastrointestinal. A DC apresenta bimodalidade nas taxas de incidência, o primeiro pico ocorre entre 15 e 29 anos e o segundo pico ocorre entre 55 e 59 anos. Aproximadamente 10 a 20% dos casos de doença inflamatória intestinal (DII) são diagnosticados após 60 anos de idade. Em função da alta prevalência de condições mimetizando a DII na velhice, o diagnóstico da DII nessa faixa etária é freqüentemente atrasado. Este trabalho descreve um caso de DC em paciente idoso enfatizando a dificuldade em realizar o diagnóstico.
Relato de caso: Masculino, 79 anos, atendido no serviço de coloproctologia de um hospital terciario do Estado de São Paulo. Há cinco meses com hematoquezia, mucorréia e orifício perianal com saída de secreção purulenta. Antecedente de HAS e angioplastia para colocação de “stent” cardíaco há 20 anos, nefrectomia e esplenectomia por neoplasia renal há 20 anos. O exame proctológico evidenciou fissuras fistulizadas em posição posterior, anterior e lateral esquerda associadas a orifício fistuloso lateral direito. A colonoscopia evidenciou colite esquerda com mucosa hiperemiada e de aspecto calceteado. Foram realizadas fissurectomias e fistulotomia. A análise anátomo patológica das lesões perianais e colorretal evidenciou processo inflamatório ativo, úlcerado, associado a granulomas epitelióides bem formados, não caseificantes, com células gigantes multinucleadas tipo Langhans. Após o DC foi encaminhado ao ambulatório para iniciar tratamento clínico‐medicamentoso específico.
Conclusão: O diagnóstico de doença de Crohn na população idosa é um desafio em decorrência das inúmeras comorbidades associadas e diagnóstico diferenciais possíveis.