Introdução: O câncer (CA) colorretal está muito associado à obstrução intestinal (OI), uma vez que o seu crescimento e processo inflamatório associado geram estenose de segmentos do cólon e possível obstrução. Essa obstrução gera um acúmulo de fezes na região, aumentando a tensão sobre as paredes do intestino, o que pode levar à isquemia e evoluir para necrose e perfuração.
Descrição do caso: J.L.R.S., masculino, 57 anos, alcoólatra, chegou ao pronto socorro com dor abdominal intensa, principalmente em fossa ilíaca direita. Ao exame físico, não apresentou sinais de peritonite. A radiografia abdominal apresentou sinais sugestivos de perfuração intestinal, sendo indicada laparotomia exploratória (LE), realizada quatro horas depois por ausência de anestesista no momento. Na cirurgia foi constatado: tumor provocando estenose em ângulo esplênico, estenose de ângulo hepático de origem inflamatória, além de necrose e perfuração de ceco. Foi realizada colectomia total com ileostomia. No 3° dia de pós‐operatório (DPO) houve necrose da ostomia, sendo realizada nova LE com reconstrução da ileostomia. No 3° DPO da reconstrução da ileostomia, o paciente apresentava evolução arrastada e sinais de infecções da ferida cirúrgica. Nos seis dias seguintes, procedeu‐se com duas trocas da antibioticoterapia, porém o paciente evoluiu com insuficiência respiratória e foi encaminhado para o box de emergência, pois não havia leitos na unidade de terapia intensiva. Após algumas horas, contudo, evoluiu para óbito.
Discussão e conclusão: A perfuração do ceco ocorrida pode ser explicada por três teorias, a mecânica, a mais aceita, em que a obstrução intestinal leva à separação das camadas musculares, perfuração intestinal e consequente peritonite. A da vascularização em que a tensão gerada pela obstrução causa compressão dos vasos e isquemia. E a infecciosa tóxica em que ocorre invasão da mucosa, resultando em necrose e ulceração. A cirurgia é o tratamento inicial, ressecando‐se a parte do intestino afetada e os nódulos linfáticos próximos à região, todavia, o paciente apresentava comprometimento de grande parte do cólon, sendo necessária colectomia total para terapêutica. O CA de cólon é tratável na maioria dos casos, se detectado precocemente, quando não houve metástase. No caso do paciente, a neoplasia foi diagnosticada quando já estava avançada, gerando sintomas, dentre eles a obstrução intestinal e consequente ruptura, mostrando a importância da prevenção do CA colorretal.