Introdução: De acordo com o Instituto Nacional de Câncer, o câncer de pele é a neoplasia mais prevalente no Brasil, o melanoma representa cerca de 3% dos tumores malignos do órgão e é o que possui maior mortalidade. Dentro do espectro do melanoma apenas 1,3% são de localização mucosa, que possui a pior taxa de sobrevida. Dos melanomas de mucosa 23% são anorretais.
Descrição do caso: T.N.D., 65 anos, feminino. Avaliada no Hospital Universitário Evangélico de Curitiba por queixas de dor e sensação de corpo estranho em região anal há 6 meses sem sangramento, emagrecimento, constipação ou diarreia. Colonoscopia evidenciou pólipo pediculado, com base ulcerada, de 8mm em borda anal. Em exame sob anestesia, realizada polipectomia e biópsia incisional de pápula hipercrômica, localizada em borda anal, com contornos irregulares, medindo aproximadamente 3cm. O diagnóstico anatomopatológico desta lesão foi de melanoma cutâneo in situ. Após estadiamento foi indicada amputação abdominoperineal do reto. O procedimento foi realizado sem intercorrências. Não foi indicada terapia adjuvante pela equipe de oncologia clínica.
Discussão: O melanoma anorretal é uma neoplasia rara, com poucos casos relatados desde sua primeira publicação em 1857. Tem maior incidência entre a sexta e oitava décadas de vida, com predomínio na raça branca. A lesão em geral se apresenta como lesão polipóide que se projeta para a luz do órgão. Os sintomas são semelhantes aos de doenças orificiais benignas, o que pode dificultar o diagnóstico. Não existe consenso na literatura sobre a melhor conduta terapêutica. Alguns autores defendem a amputação abdominoperineal. Outros, uma postura mais conservadora, optando pela ressecção local mantendo os esfíncteres anorretais. A bibliografia demonstra que os melanomas não são sensíveis a radioterapia e não há concordância de qual seria o melhor quimioterápico. Em geral o diagnóstico é tardio, já com doença metastática, o que contribui para a descrição de prognóstico desfavorável na maior parte dos relatos.
Conclusão: Apesar de raro, o melanoma anorretal deve ser considerado no diagnóstico diferencial de lesões hipercrômicas perianais. O diagnóstico precoce é fundamental para um desfecho favorável.