Introdução: Apesar da forma ulcerativa da infecção pelo Herpesvirus simplex (HSV) ser a mais comum, existe uma variante tumoral pouco frequente que acomete principalmente pacientes imunodeprimidos: o herpes hipertrófico anal.
Descrição dos casos: Foram incluídos oito pacientes do sexo masculino, entre 35 e 54 anos, que apresentavam queixa de lesão tumoral anal, de crescimento lento, associada a proctalgia e sangramento eventual. Como antencedentes, todos tinham o diagnótico de HIV positivo e tratamento tópico prévio para dermatite herpética ulcerada. O exame físico revelava lesão vegetante anal, com bordas elevadas e bem definidas, com diâmetros variáveis. Todos foram submetidos à biópsia da lesão, o achado de hiperplasia epitelial e denso infiltrado inflamatório foi misto, com linfócitos, plasmócitos e eosinófilos até a derme. Células gigantes e multinucleadas foram observadas na epiderme. Testes imuno‐histoquímicos ou de PCR foram aplicados para detectar o DNA viral do HSV. O tratamento foi feito com aciclovir 400mg 8/8h por 21 dias, quatro pacientes obtiveram remissão completa da lesão em até 30 dias e os demais apresentaram diminuição da lesão, foram então submetidos à excisão. Dos oito pacientes, três apresentaram recidiva entre o primeiro e o quinto mês após o término do tratamento, que foi tratada com novo ciclo de aciclovir e excisão local. Em longo prazo, seis permaneceram sem novas lesões e dois apresentam lesões recorrentes, tratadas precocemente com excisão local.
Discussão: O herpes hipetrófico anal tem apresentação clínica muito semelhante aos carcinomas espinocelulares de canal anal (CEC), porém ambos podem ser diferenciados pela biópsia. Essa diferenciação entre os diagnósticos se impõe, tendo em vista os diferentes tratamentos e seguimentos de cada patologia.
Conclusão: Com o aumento da incidência de HIV e o uso comum de imunossupressores, é fundamental considerar o herpes hipetrófico anal como diagnóstico diferencial do CEC.