Objetivo: Análise retrospectiva dos pacientes com retocolite ulcerativa (RCU) submetidos à retocolectomia e reservatório ileal (RI) que apresentaram achados anatomopatológicos ou evoluíram com manifestações clínicas sugestivas de Doença de Crohn (DC).
Método: No período de 1983 a 2017, 79 pacientes com RCU foram submetidos a 82 cirurgias de RI (3 re‐reservatórios), sendo que 15 (18,98%) evoluíram como DC, com diagnóstico histopatológico confirmado em 11: quatro na proctectomia, dois em enterectomia, dois na biópsia do RI, um no espécime da retocolectomia, um em abscesso perianal e um outro no reservatório excisado.
Resultados: Todos os doentes tinham diagnóstico pré‐operatório de RCU e oito tinham colectomia préviaà cirurgia do RI (5 por megacólon tóxico, 2 por agudização da doença e 1 por hemorragia). Nove (60%) pacientes eram do sexo feminino e a média de idade foi de 30,93 (13‐65) anos por ocasião da confecção do RI. Ileostomia não foi fechada em um doente devido abscesso e fístulas perianais. No seguimento tardio, 11 pacientes apresentaram manifestação da DC, sendo mais frequente a ocorrência de fístulas perianais e fístula reservatório‐vaginal. Quatro doentes necessitaram de ileostomia derivativa, sendo que um deles posteriormente necessitou da retirada do RI devido manutenção da sepse pélvica. Dois doentes realizaram enterectomia segmentar por recidiva da doença no íleo e 3 ainda não apresentaram manifestação clínica da DC. A maioria dos pacientes com doença está em uso de terapia biológica e apresentam qualidade de vida satisfatória. Um doente teve diagnóstico de carcinoma papilífero de rim e dois perderam seguimento, 4 e 7 anos após o diagnóstico de DC, mas na época estavam assintomáticos.
Conclusão: A incidência de DC em doentes operados de RI é relativamente frequente e, nesta casuística, ocorreu principalmente em pacientes com colectomia prévia por complicações da doença.