Introdução: Os distúrbios da evacuação, seja a incontinência anal ou a constipação intestinal, representam alterações do assoalho pélvico bastante frequente na população em geral e mais comumente naqueles com fatores de risco, ou seja, em idosos, mulheres com passado obstétrico, comorbidades, antecedente de radioterapia pélvica, diabéticos, acamados, história de cirurgias orificias, dentre outros.
Objetivo: Analisar a incidência de distúrbios do assoalho pélvico em pacientes geriátricos atendidos no Ambulatório de Especialidades Médicas (AME) do Hospital Santa Marcelina e correlacionar as afecções do assoalho pélvico com sintomas de depressão nessa faixa etária.
Metodologia: Estudo prospectivo com entrevista do mesmo paciente em dois momentos, ou seja, em um primeiro tempo obteve‐se a anamnese subjetiva e em uma segunda análise, realizada logo após a primeira, realizou‐se um questionário direcionado abordando de forma objetiva e direta se o paciente referia sintomas de incontinência anal e/ou constipação intestinal.
Resultados: Foram analisados de forma aleatória e prospectiva 149 pacientes idosos sendo 114 (76,5%) do gênero feminino e média de idade de 77,49 anos nas mulheres (60‐103 anos) e 78,31 anos no sexo masculino (60‐94 anos).
A incidência de global de incontinência anal foi de 30,87% e de constipação intestinal de 20,8%, entretanto, apenas 36,95% dos pacientes com o primeiro sintoma referiram a queixa espontaneamente enquanto no segundo grupo foi de 87,09%.
Verificou‐se que 42 pacientes referiram algum grau de depressão (28,18%) com incidência de 17,14% nos homens e de 31,57% nas mulheres. Desses, 40,47% apresentavam sintomas de incontinência anal e 9 (21,42%) de constipação intestinal através de critérios objetivos de ROMA III. Ao se estratificar o sintoma referido de depressão ao sexo, 44,44% das mulheres com depressão têm incontinência anal e 16,67% apresentam constipação intestinal. Por outro lado, os sintomas são presentes em pacientes do sexo masculino em 16,67% e 33,33%, respectivamente.
Conclusão: Verifica‐se que a incidência de distúrbios do assoalho pélvico na população geriátrica é elevada, sobretudo a incontinência anal que, além disso, não é uma condição relatada pelo paciente de forma natural ao seu médico, tornando imperiosa a necessidade de saber dos fatores de risco envolvidos com esses distúrbios a fim de se propiciar uma melhor assistência à esses pacientes.