Introdução: Pacientes portadores de divertículo do ceco são usualmente assintomáticos; entretanto, quadros sintomáticos ocorrem em 10 a 20% dos casos de acordo com complicações como inflamação, perfuração, hemorragia e mais raramente obstrução intestinal. O principal diagnóstico diferencial é a apendicite aguda.
Objetivo: Descrever o relato de caso de uma paciente com diagnóstico de diverticulite de ceco.
Relato de caso: T.C.N, 54 anos, portadora de doença renal policística (diálise peritoneal havia três anos). Iniciou quadro de dor em região epigástrica contínua associada a quadro de dor hipogástrica do tipo cólica. Negava febre, diarreia e vômitos. Foi internada e cursou com quadro de dor abdominal difusa, associada a sinais de peritonite, foi retirado o cateter de Tenckhoff e iniciada antibioticoterapia. Evoluiu com manutenção da queixa de dor abdominal, associada ainda a episódios diarreicos. A TC abdominal evidenciou uma lâmina em parede abdominal subaponeurótica, foram indicadas uma punção e aspiração guiada por USG. Após reavaliação, optou‐se por abordar coleção via laparotômica. Durante o procedimento cirúrgico foi evidenciada uma volumosa massa cística que se estendia da pelve ao andar superior do abdômen, aderida em praticamente todo o intestino delgado, ceco, cólon ascendente, cólon descendente, sigmoide e bexiga. Observou–se ainda massa no nível do ceco, ausência de apêndice cecal e isquemia com sofrimento de alça de delgado a 20cm da válvula ileocecal. Feita hemicolectomia direita com ileostomia. Evoluiu satisfatoriamente. O laudo histopatológico demonstrou um produto de hemicolectomia compatível com doença diverticular colônica com diverticulite e perfuração em região do ceco.
Conclusão: Apesar de incomum, a diverticulite de ceco deve ser lembrada no diagnóstico diferencial de apendicite aguda.