Introdução: A Doença de Bowen (DB) é um carcinoma in situ de células escamosas cutâneas de ocorrência rara, sobretudo na região perianal. Possui aspecto variável e evolução lenta, oligo ou assintomática. O tratamento é a ressecção cirúrgica da lesão.
Descrição do caso:C.A.C.H., 71 anos, feminino, branca, diabética, refere lesão pruriginosa, eritematosa, com crescimento lento em região perianal com evolução de 10 anos e com biópsia recente de DB. Ao exame físico, haviam vesículas associadas a hiperemia e dor em região de dermátomo no glúteo a esquerda e em região interglútea com uma placa eritematosa descamativa de contornos nítidos, irregulares, hipopigmentada sem sinais de necrose ou ulceração. Realizou‐se, então, tratamento para Herpes Zoster com Aciclovir e, após 04 semanas, a ressecção da DB com margem de 1cm preservando o esfíncter anal e cobertura com retalho de rotação e avanço em “V‐Y” local. CACH obteve alta hospitalar após quatro dias e evoluiu sem intercorrência. O anátomo‐patológico foi Doença de Bowen com margens cirúrgicas livres.
Discussão: A DB é uma lesão pré‐cancerígena rara que pode evoluir para o carcinoma epidermóide invasivo em 2‐6% dos casos. Invasão local ou metástases são raras. Sintomatologia: queimação e prurido, raramente dor e sangramento. São lesões em placa de limites nítidos, irregulares, eritêmato‐escamativas, hipo ou hiperpigmentadas e exulceradas. A DB tem diagnóstico diferencial com doenças inflamatórias do cólon, carcinoma do reto, doença de Paget, carcinoma basocelular, líquen simples crônico e escleroatrófico e melanoma. Infecção pelo HPV, imunossupressão e radiação são fatores de risco. A paciente é diabética e não foi encontrado na literatura correlação da infecção pelo Herpes com a DB. O tratamento preconizado é a ressecção cirúrgica com margens iguais ou superiores a 1,0cm, com necessidade ou não de enxerto ou avanços de retalhos. Complicações relatadas são: necrose do retalho cutâneo, estenose anal, incontinência e disfunção sexual. Outras opções terapêuticas são: fotodinâmica, laser de argônio, crioterapia, radioterapia, coagulação com infravermelho, 5‐fluorouracil, imiquimod. O seguimento do paciente deve ser seriado por um tempo maior que 5 anos com: exame fisico, sigmoidoscopia flexível, biópsias aleatórias por punção.
Conclusão: O relato do caso confirma a evolução lenta e sintomatologia da doença de Bowen e o tratamento de eleição deve ser a ressecção da lesão com margens de segurança.