Introdução: A doença de Crohn fistulizante consiste em uma das apresentações clínicas mais graves na doença inflamatória intestinal, que implica pior qualidade de vida e morbidade considerável e quase sempre resulta em intervenção cirúrgica. O manejo da paciente gestante com doença inflamatória intestinal ainda envolve desinformação, insegurança, principalmente porque, quando doença ativa, oferece riscos iminentes à gestação.
Descrição do caso: Paciente de 27 anos, iniciou quadro de dor abdominal difusa, mais evidente em fossa ilíaca direita, associado a perda ponderal de 20 quilos em um ano, com episódios intermitentes de diarreia no período. Evoluiu com hiperemia cutânea em fossa ilíaca direita que apresentava drenagem espontânea de secreção de aspecto fecaloide persistente local. Fez colonoscopia com presença de pseudopólipos e hiperemia em ceco, com orifício fistuloso, não foi possível visualizar a válvula íleo‐cecal. Anatomopatológico revelou colite crônica leve em ceco, demais segmentos colônicos normais. Tomografia de abdômen não evidenciou coleção intraperitoneal, com presença de trajeto fistuloso ceco‐cutâneo e estudo de trânsito de Delgado sem anormalidades. Paciente iniciou tratamento com imunobiológico infliximabe em junho de 2015, com melhoria e resolução inicial da fístula enterocutânea. No quinto mês de tratamento retornou os sintomas, com mesma fístula enterocutânea, com alto débito, foi então submetida a ileotiflectomia e íleo‐cólon anastomose, com boa evolução e alta hospitalar no sexto dia de pós‐operatório. Anatomopatológico constatou processo inflamatório crônico, fistulizado, transmural. Paciente seguiu acompanhamento regular ambulatorial, em uso de imunobiológico, informou, em janeiro de 2017, amenorrria de 3 meses com diagnóstico de gestação tópica. Paciente iniciou acompanhamento multidisciplinar com coloproctologia, obstetrícia, pediatria e psicologia, foi modificado imunobiológico para vedolizumabe. Completou pré‐natal sem intercorrências, foi sendo feito parto cesáreo com 37 semanas de gestação.
Conclusão: A remissão duradoura da doença inflamatória intestinal na gestação é essencial para assegurar uma gestação a termo.