Introdução: A doença de Crohn é uma desordem caracterizada pela inflamação transmural do trato gastrointestinal, podendo comprometer qualquer segmento desde a boca ao ânus. O risco de desenvolver uma fístula intestinal ao longo da vida está entre 20% a 40% e seu manejo muitas vezes representa um desafio.
Objetivo: Descrever caso de paciente com complicações pós operatória após tratamento cirúrgico de doença intestinal fistulizante em paciente com doença de Cronh.
Descrição do caso: Sexo feminino, 31 anos, com diagnóstico de doença de Crohn há 6 anos, após hemicolectomia direita devido quadro de abdome agudo inflamatório. Iniciou tratamento com mesalazina e após 2 anos de doença evoluiu com quadro de fístula retovaginal, sendo tratada com passagem de sedenho e terapia combinada de Infliximabe e azatioprina. Evoluiu com remissão dos sintomas por 2 anos, quando iniciou quadro de fístula enterocutânea sendo submetida a ressecção de ileo‐transversoanastomose devido à doença fistulizante com enterectomia de 150cm. Evolui no pós‐operatório com fístula de anastomose sendo necessário reabordagens cirúrgicas e confecção de ostomia a Mickulicz entre jejuno distal e cólon transverso, com 90cm de jejuno remanescente e desenvolvimento de intestino curto anatômico e funcional com elevado débito pela ileostomia. Diante do difícil controle do efluente, apesar da terapia nutricional total, optado por realização de reconstrução de trânsito intestinal precoce. Evoluiu após o procedimento com melhora progressiva do número de evacuações, recebendo alta hospitalar com média de 2 a 3x/dia com uso de 16mg/dia de loperamida. No momento em seguimento ambulatorial, em monoterapia com Adalimumabe e apresentando ganho de peso.
Discussão: O manejo do paciente com doença de Crohn, especialmente com apresentação fistulizante, pode ser um desafio, sobretudo diante de complicações pós‐operatórias, onde a atividade da doença é um fator adicional limitante, sendo que o conhecimento dos múltiplos fatores que influenciam na atividade da doença, complicações e história natural, além da experiência da equipe, se tornam fundamental para o manejo ideal de casos com apresentações atípicas.
Conclusão: As complicações da doença de Crohn se exacerbam diante de complicações pós operatórias, fazendo com que seu manejo seja bastante pormenorizado.