Introdução: A doença inflamatória intestinal (DII) representa um grupo de condições inflamatórias crônicas que acometem o trato gastrointestinal, resultantes da ativação inadequada do sistema imune. Neste grupo, a doença de Crohn (DC) está inserida e apresenta aumento gradativo em sua incidência ao longo dos anos. A caracterização fenotípica, aspectos clínicos e medicações utilizadas, nas populações extremas, merecem mais estudos uma vez que, aproximadamente 20 a 30% dos pacientes com DII iniciam sintomas antes dos 18 anos de idade e o desconhecimento dos aspectos clínicos e retardo na prescrição do tratamento adequado podem cursar com déficit de crescimento irreversível e evolução precoce para cirurgia.
Objetivos: Descrever os aspectos clínicos de pacientes com doença de Crohn, na segunda década de vida, em um hospital de referência de São Paulo.
Métodos: Estudo retrospectivo descritivo, realizado com análise de questionário respondido no ambulatório de Doença Inflamatória Intestinal, avaliando o perfil clínico dos pacientes que tiveram o diagnóstico da DC na adolescência, no serviço de Coloproctologia de um hospital terciário de São Paulo.
Resultados: Durante o período de fevereiro a junho de 2018, foram analisados um total de 23 pacientes com DC diagnosticada na adolescência (10‐19 anos). A média de idade ao diagnóstico foi de 14,5 (10‐17 anos). No momento da entrevista, o grupo analisado apresentava idade entre 13 a 55 anos com 43,4% de pacientes do gênero feminino e 56,5% do gênero masculino. Em decorrência da agressividade da doença e diagnóstico em idade precoce, 82,6% dos pacientes estão em uso de anti‐TNF, sendo 43,4% sob uso de Infliximabe e 39,1% de Adalimumabe. O acometimento perineal foi identificado em 52,1% o que denota um pior prognóstico nessa população, e 43,4% já foram submetidos a cirurgias abdominais ressectivas. Um total de 34,7% tem doença estendida a íleo‐cólon, 13% ao íleo e 21,7% no cólon. Um único paciente apresentou doença do trato gastrointestinal superior.
Conclusão: O manejo da DC, em pacientes adolescentes, é diferenciado em decorrência da agressividade da doença nessa população. Estudo dirigido é necessário para direcionar o tratamento e evitar danos teciduais.