Introdução: Pacientes com neoplasia de reto cT3 têm menor chance de desenvolver resposta clínica completa (RCC) à quimiorradioterapia neoadjuvante (nQRT) e ainda têm maior risco de recidiva. Nesse contexto, a dose escalonada de radiação e quimioterapia de consolidação foi sugerida para melhorar a resposta do tumor primário e diminuir os riscos de recidiva.
Objetivo: Comparar as taxas de preservação de órgãos e a sobrevida livre de metástases em pacientes cT3 submetidos a diferentes esquemas de QRT.
Métodos: Pacientes com neoplasia de reto distal, cT3, não metastática foram avaliados retrospectivamente. O grupo submetido à QRT padrão (50,4Gy e dois ciclos de quimioterapia baseada em 5FU) foi comparado com os submetidos a QRT estendida (54Gy e seis ciclos de quimioterapia com 5FU). A resposta tumoral foi avaliada em 8‐10 semanas. Pacientes com RCC foram submetidos a estratégias de preservação de órgão (Watch & Wait). Procedimento cirúrgico foi indicado para pacientes com resposta incompleta ou cirurgia de resgate em caso de recorrência local. O modelo de regressão logística de Cox foi usado para identificar características independentes associadas a maior sobrevida livre de cirurgia e de doença metastática a distância.
Resultados: Dos pacientes, 155 receberam o esquema padrão de nQRT e 66 o estendido. No grupo do esquema estendido os pacientes tinham maior tendência a lesões maiores (p=0,02), metástases linfonodais (p<0,001) e tumores mais altos na avaliação inicial (p=0,04). A análise de regressão de Cox revelou que o tipo de nCRT não foi associado a maior sobrevida livre de cirurgia ou de metástases a distância (p>0,05).
Conclusão: A dose escalonada de radiação e quimioterapia de consolidação é insuficiente para aumentar as taxas de preservação de órgão em longo prazo nas neoplasias de reto T3. Além disso, não há benefícios na sobrevida livre de metástases nesse grupo.