Introdução: Shunts portossistêmicos se desenvolvem em pacientes com hipertensão portal, sendo os mais comuns varizes gastroesofágicas e shunts esplenorrenais. Pode haver formação de varizes periestomais (VPs) por vias colaterais infrequentes. Esta série relata 3 casos de pacientes estomizados com hipertensão portal, que apresentavam hemorragia digestiva, tratados com embolização das VPs, por acesso percutâneo transesplênico.
Descrição dos casos:Caso 1: Masculino, 58 anos, com cirrose hepática de etiologia alcoólica e hipertensão portal, com colostomia terminal na fossa ilíaca direita após colectomia oncológica. Após a embolização, evoluiu com melhora importante da hemoglobina, apresentando apenas um episódio de pequeno sangramento autolimitado. Caso 2: Feminino, 45 anos, portadora de doença de Crohn e submetida a enterectomia segmentar e íleo terminal na fossa ilíaca direita. Antecedente de colangite esclerosante primária, hipertensão portal e sangramento pelo estoma. Após o procedimento, sem novos episódios. Caso 3: Feminino, 65 anos, adenocarcinoma do cólon, submetida a colostomia terminal paliativa na ilíaca esquerda, hipertensão portal sem etiologia definida e sangramento pelo estoma. Melhora após tratamento endovascular. Apresentou dois episódios de sangramento, indicado nova esplenoportografia direta, sem identificação de vasos varicosos ao exame.
Discussão: VPs são causas raras de sangramento digestivo. Possuem risco estimado de morte de 3 a 4%, por episódio. Entre os tratamentos endovasculares disponíveis, há a confecção de shunt portossistêmico intra‐hepático (TIPS) e a embolização das varizes. O TIPS é efetivo para o tratamento de varizes periestomais, entretanto possui uma alta taxa de encefalopatia e insuficiência hepática. Outra possibilidade é a embolização pelo acesso percutâneo transhepático, entretanto em casos de trombose da veia porta ou invasão tumoral da mesma tornam este acesso limitado. A embolização por acesso percutâneo transesplênico torna‐se uma alternativa comparável as demais opções.
Conclusão: O acesso percutâneo transesplênico é eficaz na embolização das varizes periestomais.