Objetivo: O objetivo deste estudo consiste em avaliar as alterações de imagem em pacientes submetidas a tratamento cirúrgico para endometriose intestinal e comparar a extensão da doença descrita nestes exames com os achados da avaliação anatomopatológica.
Método: Trata‐se de um estudo observacional e retrospectivo onde foram analisadas lâminas coradas pela técnica de Hematoxilina e Eosina e no qual os dados clínicos foram obtidos mediante prontuários dos pacientes de 2010 até 2017. Foram critérios de inclusão todos os casos de endometriose intestinal submetidos a tratamento cirúrgico e análise anatomopatológica da lesão. Foram analisados 31 casos, sendo 24 deles com dados clínicos e 12 com correlação entre anatomopatologia e ultrassonografia (USG) transvaginal pré‐cirúrgica. Todas as USGs deste estudo foram realizadas com transdutores convexos, lineares e endocavitários, entre 2 a 13 mHz e com preparo intestinal.
Resultados: A idade variou de 24 a 65 anos, com média de 36,6 anos. Os sintomas referidos foram: cólica (83%), disquesia (54%), tenesmo (46%), dispareunia (29%), infertilidade (20%) e hematoquezia (20%). A topografia dos focos endometrióticos foi o retossigmoide (74%), apêndice cecal (9%), reto (3%), cólon esquerdo (3%), cólon direito (3%), íleo (3%) e cólon sem outras especificações (6%). Os dados ultrassonográficos de 12 pacientes foram analisados e o tamanho da lesão variou entre 2,2 a 4,1 centímetros (cm) e média de 2,9cm, enquanto que no anatomopatológico esse tamanho variou entre 0,8 a 4,5cm com média de 2,48cm. As alterações macroscópicas observadas foram: espessamento da parede intestinal (90%), aspecto hemorrágico (32%), estreitamento da luz (6%) e presença de cistos (3%). As lesões no anatomopatológico comprometiam predominantemente até a submucosa (62%) ou muscular própria interna (22%), enquanto que naquelas analisadas dos dados ultrassonográficos atingiam a muscular própria interna (66%) e a submucosa (16%). O estudo histológico revelou que todos os focos endometrióticos estavam constituídos por glândulas e estroma endometrial, com frequente dilatação cística glandular. Todos os casos exibiam fibrose na parede intestinal e/ou tecido adiposo da subserosa.
Conclusão: A análise comparativa revelou concordância no comprometimento da camada muscular própria intestinal (41,6%). O acometimento da camada submucosa foi subestimado em cinco casos (37,5%).