Objetivo: Estudo das características das pacientes com endometriose intestinal submetidas a tratamento cirúrgico por equipe multidisciplinar, com foco nos sintomas apresentados, técnica escolhida para ressecção intestinal e melhoria durante seguimento clínico mínimo de 12 meses.
Método: Análise prospectiva de pacientes operadas entre fevevereiro/2012 e fevereiro/2017, inclusive aspectos clínicos pré‐operatórios, técnicas empregadas para ressecções intestinais laparoscópicas preferencialmente, evolução pós‐opeartória imediata e seguimento clínico por ao menos 12 meses. Equipe multidisciplinar composta por ginecologistas especializados no tratamento da endometriose e coloproctologista com proficiência prévia de mais de 100 casos por laparoscopia, dedicada ao tratamento da endometriose intestinal em suas diversas apresentações.
Resultados: Preencheram os critérios de inclusão 61 pacientes e foram submetidas a avaliação clínica completa e cirurgia totalmente laparoscópica, assim como seguimento proposto adequado. Média de 36 anos e IMC médio de 27,05kg/m2. Dismenorreia foi o sintoma mais prevalente em 86,2% das pacientes, com queixas intestinais em ao menos 51,7%. Relação entre queixas de sangramento e achados de colonoscopia pré‐operatória são apresentadas em tabela. Já apresentavam cirurgia prévia 63% das pacientes. Tempo cirúrgico médio de 267 minutos. Apenas 6,6% dos procedimentos não foram laparoscópicos desde o início, foi possível o tratamento laparoscópico em 93,4% das demais. Ressecções segmentares em 63,9% com tamanho médio de 12,3cm de extensão apenas, com 23,1% de selamento vascular local e 17,9% de mobilização de ângulo esplênico. A taxa de ileostomias de proteção foi de 3,61% apenas, selecionadas já no pré‐operatório. Houve margem comprometida em 9,5% das pacientes sem recidiva diagnosticada até o término do seguimento clínico de um ano. Tempo médio de internação de 6,2 dias, com morbidade precoce de 14,6% (clínicas em 3,2% e cirúrgicas em 11,4%) sem a ocorrência de óbito, fístula ou reoperações. Todas as pacientes assintomáticas no fim do seguimento. Houve 92,8% de satisfação global.
Conclusão: Tratamento multidisciplinar é essencial para o sucesso do tratamento duradouro na endometriose intestinal.