Área Doenças Infecciosas
Categoria Relatos de caso
Forma de Apresentação Pôster
Objetivo(s) Muitas das doenças gastrointestinais associadas ao HIV tornaram‐se menos comuns nas últimas duas décadas. Ainda assim, a presença de casos de enteropatia por HIV associadas a infecções por protozoários como o Cryptosporidium deve ser levada em consideração, tendo em vista que a diarreia afeta negativamente a qualidade de vida do paciente. Além disso, existem estudos comprovando relação direta entre algumas colites e a terapia anti‐retroviral (TARV) utilizada, sendo um motivo comum para a descontinuação do tratamento.
Descrição do caso Sexo feminino, 49 anos, natural e residente em Gama‐DF, divorciada, técnica de enfermagem. Diagnóstico de HIV desde 2019 já com manifestação de neurotoxoplasmose em 2019 e CD4 de 43, sendo iniciada TARV. Internada no Hospital Universitário de Brasília devido a dor abdominal, vômitos e diarreia crônica, realizou colonoscopia que constatou intenso processo inflamatório, atrofia das vilosidades no íleo terminal, presença de intenso processo inflamatório, com perda do padrão vascular e da arquitetura colônica, enantema e ulcerações aftoides do cólon descendente ao ceco e divertículos em cólon esquerdo. Foram realizadas biopsias. O histopatológico evidenciou alterações citoplasmáticas compatíveis com apoptose em base de criptas colônicas compatível com enterite por HIV e foi ainda visualizado o Cryptosporidium.
Discussão e Conclusão(ões) Apesar do avanço da TARV, a diarreia ainda é comum na população com HIV reduz a qualidade de vida e sobrevivência. Estima‐se que a diarreia ocorra em cerca de 90% de pacientes com HIV/AIDS em países em desenvolvimento, e 30 a 60% nos países desenvolvidos. O Cryptosporidium ‐ apresentado pela paciente do relato ‐ está entre os patógenos mais comuns representando até um terço dos casos de diarreia em pacientes com HIV (principalmente naqueles com contagem de células CD4<100). Nesse caso, além da infecção por Cryptosporidium houve ainda sinais de lesão direta do vírus HIV às células intestinais, situação rara nos dias de hoje. O quadro clínico pode ser desde oligossintomático e auto‐limitado até a desidratação grave, perda de peso, desnutrição, hospitalização e morte. Outros sintomas incluem cólicas abdominais, anorexia náuseas, vômitos, fadiga e febre baixa. O tratamento deve ser administrado precocemente. Isto deve incluir uma combinação de antibióticos e a reconstrução do sistema imunológico. Colonoscopia e biópsia pode ser garantida durante a avaliação, a fim de diagnosticar definitivamente ou descartar doença. É necessário que haja uma boa relação médico‐paciente para que não haja interrupção do tratamento, fato muito comum atualmente.