Resumo: Métodos para tratamento local do câncer de reto precoce tem sido desenvolvidos nos últimos anos, sendo TEM e ESD protagonistas nesse cenário, porém ainda há poucos estudos comparando as duas técnicas.
Objetivos: Comparar resultados de longo prazo entre TEM e ESD.
Método: Foram estudados 103 procedimentos entre 2008 e 2017. Dados referentes a idade, risco cirúrgico, taxa de complicação, recidiva e anatomopatológico foram coletados retrospectivamente. As variáveis qualitativas foram analisadas pelo teste de qui‐quadrado e, as quantitativas, pelo T‐Student.
Resultados: Foram 100 pacientes, submetidos a 103 procedimentos (74 ESD e 29 TEM), com tempo médio de seguimento de 34 meses. A idade média no grupo ESD era 65,5 anos e 51,3% dos pacientes eram do sexo feminino. No grupo TEM, a idade média foi 66,51 e 58,6% pacientes do sexo feminino. O risco cirúrgico era semelhante em ambos (p=0,97). No ESD, em relação ao TEM, o tamanho da lesão ressecada foi maior, de 68,9mm contra 44,79mm, respectivamente (p=0,002). O tempo médio de procedimento não foi estatisticamente diferente entre os grupos, sendo 176min no ESD e 195min no TEM (p=0,4). No grupo ESD, houve 7 complicações de curto prazo (9,46%), sendo 2 Clavien I, 3 Clavien II e 2 Clavien III. No grupo TEM, houve 5 complicações (17,2%), sendo 2 Clavien I, 1 Clavien II, 1 Clavien III e 1 Clavien IV (p=0,19). O tempo de internação média foi de 3,4 dias no grupo ESD e 6,9 no TEM (p=0,015). No 1° mês, 10 pacientes (13,5%) do grupo ESD apresentaram mucorreia, subestenose com necessidade de dilatação e/ou urgincontinência. Ao fim de 18 meses, todos já estavam assintomáticos. No grupo submetido ao TEM, 7 pacientes (24,13%) apresentaram dor retal, diarreia e/ou urgincontinência. Após 18 meses, 6 estavam assintomáticos e 1 paciente manteve dor retal. O grupo ESD teve uma taxa de 14,86% de margens comprometidas, contra 17,24% do TEM (p=0,742). Nas lesões ressecadas por ESD, 27% eram adenomas, 64,86% adenocarcinoma intramucoso, 4% adenocarcinoma sm1 e 4,05% com invasão ≥ e 4 (não curativo). No grupo TEM, houve 31% de adenoma, 44,8% de adenocarcinoma intramucoso, 7% adenocarcinoma sm1 e 17,2% com invasão ≥ om (p=xxxx). Entre os pacientes submetido a TEM, houve uma taxa de recidiva de 24,13%, contra 1.3% no grupo ESD (p=0,0001).
Conclusão: O ESD apresentou resultados superiores ao TEM, possibilitando o tratamento de lesões significativamente maiores, com maior taxa de cura, menor tempo de internação e menor taxa de recidiva local.