Objetivo: Apresentar a casuística em curto e longo prazo de pacientes incontinentes submetidos a esfincteroplastia anal dos últimos 10 anos em um hospital de ensino especializado.
Métodos: Feito levantamento retrospectivo dos pacientes submetidos a esfincteroplastia anal no serviço de cirurgia colorretal do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo entre janeiro de 2004 e fevereiro de 2014. Avaliados os dados pré‐operatórios, como antecedentes obstétricos, causa da incontinência fecal e escore de incontinência de Cleveland Clinic Florida (CCF). Todos os pacientes foram submetidos a manometria anorretal e ultrassom endoanal pré‐operatórios. A esfincteroplastia foi associada a perineoplastia nos casos de defeito perineal completo com afilamento importante do corpo perineal. No período pós‐operatório foram avaliadas as complicações imediatas, recuperação da incontinência através do escore de CCF e os casos de recidiva de sintomas.
Resultados: Foram analisados dados de 51 pacientes submetidos a esfincteroplastia anal, 78,4% do sexo feminino. A média foi de 48,73 anos (18‐84) e em 63% a causa foi dano obstétrico. O tempo médio de seguimento foi de 55,5 meses (17‐138) e o tempo de sintoma previamente à cirurgia foi em média de 12,5 anos. O índice de incontinência anal no pré‐operatório foi em média de 12,81 e no pós‐operatório de 7,1. Com relação à qualidade de vida no pós‐operatório, 75% se demonstraram satisfeitos, 60% fariam novamente a cirurgia e 50% classificaram a qualidade de vida como boa, muito boa ou excelente.
Conclusões: A esfincteroplastia anal mostrou‐se segura e efetiva para o controle da incontinência fecal associada a defeito esfincteriano, com melhoria dos sintomas de escape de fezes e flatos e da qualidade de vida.