Introdução: A incontinência fecal é uma condição incapacitante e de significativas repercussões socioeconômicas. Muitos desses pacientes apresentam história clínica de lesão do músculo esfíncter anal externo, seja de origem iatrogênica, traumática ou obstétrica. Para esses casos, após estabelecer que não existe dano neurológico e que as fibras musculares do esfíncter remanescente têm função contrátil preservada, a esfincteroplastia anterior é a opção de tratamento cirúrgico de escolha.
Caso clínico: ASN, feminino, 59 anos, G10 PN7 PC1 A2, apresenta urgência e incontinência fecal após trauma obstétrico, com falha do esfíncter na região mediana anterior ao exame proctológico. Submetida a esfincteroplastia, com melhoria importante da hipotonia ao toque retal e remissão completa dos sintomas em dois meses.
Discussão: Completa avaliação do paciente com incontinência fecal é fundamental para estabelecer a melhor conduta terapêutica, devem‐se fazer anamnese detalhada, exame físico e avaliação da anatomia e fisiologia da musculatura esfincteriana através de exames complementares. A esfincteroplastia anterior por sobreposição de cotos musculares foi descrita por Parks e McParthin em 1971 e modificada posteriormente por Slade, é a técnica mais usada atualmente. O índice de sucesso desse procedimento é de 50 a 80% e a recidiva aumenta gradativamente após três a cinco anos da cirurgia. Esse fato pode ser atribuído à degeneração tecidual decorrente da idade, ao estiramento da cicatriz e à progressiva deterioração do nervo pudendo. Nova esfincteroplastia pode trazer bons resultados em aproximadamente metade desses pacientes.
Conclusões: Tivemos resultado satisfatório na esfincteroplastia feita para incontinência fecal de paciente com lesão anal, influenciou positivamente em sua qualidade de vida. Considerando que o índice de recidiva aumenta após alguns anos do tratamento cirúrgico, deve haver acompanhamento ambulatorial regular e os resultados devem ser monitorados através da avaliação da fisiologia anal.