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Vol. 38. Issue S1.
Pages 27 (October 2018)
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Vol. 38. Issue S1.
Pages 27 (October 2018)
P141
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ESÔFAGO NEGRO COMO COMPLICAÇÃO PÓS‐OPERATÓRIA DE RETOSSIGMOIDECTOMIA ABDOMINAL: RELATO DE CASO
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Marlise Mello Cerato Michaelsen, Kamyla Griebeler Valentini, Ruy Takashi Koshimizu, Rafael Dienstmann Dutra Vila, Patricia da Silva Passos, Karine Sabrina Bonamigo, Marja Luciane Visioli
Hospital Ernesto Dornelles, Porto Alegre, RS, Brasil
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Introdução: Esôfago negro (EN) é caracterizado pela coloração negra circunferencial e difusa, geralmente do terço distal da mucosa do esôfago.É mais comum em homens, raro e grave, com prevalência de até 0,2% e mortalidade de 13 a 35%.

Descrição do caso: J.M.C., feminina, 74 anos, diabética, asmática e portadora de neoplasia de reto médio estadio IV (cT2N2M1), submetida a retossigmoidectomia abdominal com excisão total do mesorreto, anastomose coloanal grampeada e ileostomia protetora, sem intercorrências, após 14 semanas da neoadjuvância com quimio (5‐fluoracil e oxaliplatina) e radioterapia (28 sessões, 50.4Gy) concomitantes.

O anatomopatológico evidenciou lesão ulcerada com fibrose estromal no reto, limites cirúrgicos distal (3,5cm) e circunferencial (2,5cm) livres, sem metástase (12 linfonodos avaliados). Apresentou boa evolução inicial, porém no sexto pós‐operatório (PO) evoluiu com sepse, epigastralgia e dor retroesternal, e eliminação de muco e pus via anal. TC de abdome confirmou a hipótese de deiscência parcial da anastomose, sem coleções, e EDA o diagnóstico de EN. O manejo foi realizado com NPO, hidratação, inibidor de bomba de prótons (IBP) em dose plena, antibiótico e antifúngico, endovenosos. Os dois últimos, mantidos por 14 dias. Em 24h foi iniciado sucralfato via oral e instalada nutrição parenteral (NPT). A resposta foi adequada, com reintrodução da dieta em 6 dias e retirada gradual da NPT. Recebeu alta após 20 dias, com IBP e sucralfato. Realizou EDA após 30 dias, sem alterações.

Discussão: O EN não possui etiologia definida, acredita‐se que isquemia e obstrução sejam os eventos iniciais. Também já foi associado a infecções, choque, uso de antibiótico, hiperglicemia, entre outros. 70% dos pacientes apresenta hemorragia digestiva alta (HDA) precoce. Disfagia, dor epigástrica e sepse são achados menos comuns. O diagnóstico é realizado com EDA e pode‐se encontrar lactato elevado, anemia, insuficiência renal, hiperglicemia e hipoalbuminemia. O manejo do EN consiste em suporte clínico, tratamento das doenças de base, sonda nasogástrica se obstrução, IBP, NPO por 24h e sucralfato VO após. Uso de antibiótico e antifúngico deve ser analisado individualmente. As complicações mais frequentes são: perfuração na fase aguda (7%) e estenose à longo prazo (25 a 40%).

Conclusão: Tendo em vista a gravidade associada, apesar de raro, o EN deve ser lembrado no PO de retossigmoidectomia, em pacientes com fatores de risco ou sintomas relacionados a esta patologia.

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Journal of Coloproctology
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