Introdução: Espiroquetose intestinal (EI) é uma condição rara na qual células intestinais são infectadas por espiroquetas. Os sintomas são diarreia, hematoquezia, perda ponderal, dor abdominal, semelhantes aos da atividade da doença inflamatória intestinal (DII), o uso de esteroides é muito prejudicial.
Relato de casos: Caso 1) Homem que faz sexo com homem (HSH), tratado com imunossupressor por doença de Crohn (DC) ileal, assintomático por quatro anos. Queixava‐se de diarreia com sangue e dor abdominal. Colonoscopia: pancolite com íleo normal. Proteína C reativa (PCR) elevada. A histologia confirmou EI e o paciente foi tratado com antibioticoterapia, ficou assintomático. Um ano depois, repetiu quadro e colonoscopia confirmou recidiva. Foi retratado e está há três anos assintomático. Caso 2) HSH, 42 anos, tratado com sulfassalazina por retocolite ulcerativa (RCU), manteve‐se assintomático por um ano. Tinha antecedente de sífilis primária tratada havia oito anos. Iniciou quadro de diarreia com elevação de PCR. Sorologia evidenciou VDRL1/64 e anti‐HIV positivo. Feita colonoscopia: áreas de discreta hiperemia em reto e sigmoide, com biópsias de todos os segmentos com EI. Após tratamento, evoluiu com remissão dos sintomas. Caso 3) Homem, tratado com imunossupressor por DC, manteve‐se assintomático por cinco anos. Iniciou quadro de desconforto abdominal e prurido nas mãos e nos pés. Colonoscopia evidenciou reto com mucosa discretamente enantemática e demais segmentos normais. Histologia diagnósticou EI. Com tratamento, houve melhoria dos sintomas.
Discussão: Apresentamos três casos de pacientes com DII que após permanecerem assintomáticos por mais de um ano tiveram sintomas de diarreia com sangue ou dor abdominal e a colonoscopia mostrou colite que poderia ser atividade da DII, contudo a histologia mostrou se tratar de EI. Esse achado mudou completamente a abordagem terapêutica.
Conclusão: Espiroquetose intestinal é uma possível causa de infecção colônica em pacientes com DII com imunossupressão. O diagnóstico é histológico e o tratamento é com antibioticoterapia.