Introdução: A amputação de reto extraelevador com a ressecção de rotina do cóccix tem sido preconizada para melhorar a qualidade da peça cirúrgica no tratamento da neoplasia de reto. Entretanto, a coccigectomia pode ser oncologicamente desnecessária e ser associada a dor significativa no pós‐operatório.
Objetivo: Estimar o ganho no campo cirúrgico pela remoção do cóccix em pacientes com neoplasia de reto.
Métodos: Foi feito um estudo observacional prospectivo. Foi estimado o ângulo sólido determinado pela extremidade anterior da ressecção e a ponta do cóccix (sem ressecção do cóccix) ou pela última vértebra sacral (com ressecção do cóccix) em cortes sagitais de ressonância magnética (RM). O ângulo sólido fornece uma estimativa da área de superfície tridimensional proporcionada por um ângulo original, resulta na melhor estimativa de exposição do cirurgião ao ponto crítico de dissecção escolhido (parede retal anterior).
Resultados: Foram avaliados 29 pacientes com neoplasia de reto submetidos à RM de pelve. A remoção do cóccix gera um ganho médio na área de exposição do campo cirúrgico de 42% (27‐57%, com intervalo de confiança de 95%). Do total, 15 (51%) pacientes tinham ≥ 30% de ganho estimado com a ressecção do cóccix. Não houve associação entre IMC, idade ou gênero e ganho estimado na área de exposição ao campo cirúrgico.
Conclusão: A remoção sistemática do cóccix na amputação de reto extraelevador resulta em um ganho médio no campo cirúrgico da dissecção perineal de 42%. Cortes sagitais na RN parecem ser uma boa opção para prever o ganho cirúrgico com a remoção do cóccix.