Área: Doenças do assoalho pélvico/Fisiologia Intestinal e Anorretocólica
Categoria: Estudo clínico não randomizado
Forma de Apresentação: Tema Livre (apresentação oral)
Objetivo(s): O estudo procura mapear os resultados da esfincteroplastia anal através da análise dos sintomas de incontinência anal e da qualidade de vida dos pacientes antes e após o procedimento, no seguimento de longo prazo.
Método: Os dados foram armazenados em Excel e analisados com ferramentas disponíveis em R Commander, SPSS e GraphPad Prism. Os dados categóricos foram expressos em porcentagem e as variáveis contínuas em média±desvio padrão. Os dados de escores e notas foram expressos em mediana e quartis. Para a interpretação inicial dos dados, verificou‐se o tipo de distribuição pelo teste de Shapiro‐Wilk. O escore total do índice de incontinência anal foi descrito e comparado com uso do Teste Wilcoxon pareado. Os escores aplicados e desenvolvidos foi utilizado o coeficiente de Cronbach. A correlação com os parâmetros laboratoriais foi realizada pelo coeficiente de correlação de Spearman. A hipótese de igualdade foi rejeitada para p ≤ 0,05.
Resultados: Foram estudadas 26 pacientes do sexo feminino submetidas a esfincteroplastia, sendo a idade média das pacientes de 49,15 anos. 17 delas apresentaram causa obstétrica para a lesão esfincteriana, cuja média de partos normais foi de 5,52. 76% das pacientes mantém seguimento em nosso serviço em uma média de seguimento de 80,26 meses. No acompanhamento do escore de Cleveland Clinic Florida (CCF), o total pré‐operatório apresentou mediana de 15 (variou entre 8 e 20); já o escore total pós‐operatório obteve mediana de 12 (variando entre 0 e 20); a maioria das pacientes manteve melhora do escore em seguimento de 12 a 170 meses; a piora do escore corresponde a 19% das pacientes em menor tempo de seguimento (32 a 86 meses). No período pós‐operatório, a incidência de deiscência de ferida foi de 69,23% para todas as pacientes entrevistadas, sendo que todas elas receberam tratamento clínico com antibioticoterapia e limpeza local. A maioria das pacientes considerou ter boa qualidade de vida. Os dados objetivos da manometria anorretal obtidos também foram estudados, destacando‐se a pressão de repouso (PR), a pressão de contração do esfíncter externo (PCE) e a pressão de contração total (PCT). A PR em pré‐operatório apresentou média de 20,82 e PR em pós‐operatório apresentou média de 30,59, p=0,03 (entre pré e pós‐operatório). A PCE em pré‐operatório apresentou média de 32,17 e PCE em pós‐operatório apresentou média de 41,21, p=0,05 (entre pré e pós‐operatório). A PCT em pré‐operatório apresentou média de 55,93 e PCT em pós‐operatório apresentou média de 71,36, p=0,03 (entre pré e pós‐operatório). O comprimento de ânus funcional e reflexo inibitório reto‐anal não apresentaram comparação significativa (p>0,05).
Conclusão(ões): A esfincteroplastia anal mostrou‐se um método que promove melhora significativa na qualidade de vida em mulheres com incontinência fecal, bem como a maioria apresenta melhora do desempenho esfincteriano em longo prazo. Em caso de piora da função, as queixas ocorrem a curto prazo.