Introdução: Câncer colorretal (CCR) é um problema de saúde mundial, é o terceiro tipo de câncer mais comum; 25% dos casos de CCR estão localizados no reto. O acesso cirúrgico foi um obstáculo por muito tempo. Em 1982, Heald propôs padronização da excisão total do mesorreto (ETM), com excelentes resultados em recidiva local.
Apresentação: Paciente masculino, 41 anos, branco, procurou assistência médica em junho/2015 com disquezia e tenesmo havia 60 dias, negava sintomas associados. Paciente com história familiar negativa para CCR. Exame físico: lesão a 3cm da borda anal (BA). Iniciada investigação com colonoscopia (agosto/2015): tumoração a 3cm da BA, úlcero‐vegetante, friável, acometia 50% da luz (biópsia: adenocarcinoma moderadamente diferenciado). Estadiamento: Tomografia computadorizada (TC) de tórax e abdome: sem lesão a distância. CEA0,57. Ressonância nuclear magnética (RNM) de pelve: processo expansivo a 4,5cm da BA de 6cm, sem extensão para a gordura perirretal. Linfonodomegalias perirretais heterogêneas (maior: 1,2 x 1,0cm). Fez neoadjuvância com 5FU/LV+5040cGy até dezembro/2015. Reestadiamento com RNM abdome e pelve: redução de tumoração e linfonodos. Ultrassom endorretal: lesão residual em reto médio/inferior que envolvia 20%‐30% da luz, até muscular própria e linfonodo residual perirretal. Em abril/2016, submetido a retossigmoidectomia vídeolaparoscópica (TaTME) com anastomose manual e ileostomia protetora (anatomopatológico: adenocarcinoma retal moderadamente diferenciado até tecidos perirretais, sem invasão angiolinfática e perineural). Margens cirúrgicas livres e a distal é exígua. Linfonodos 0/7. Estadiamento: pT3pN0. Em seguimento ambulatorial, exames RNM de pelve e TC de abdome sem sinais de lesões residual ou recidiva, CEA:3,58. Foi submetido a fechamento de ileostomia (setembro/2016). Evolui sem intercorrências.
Discussão/Conclusão: ETM gerou uma queda da recidiva local para menos de 10% e aumento da sobrevida global para 80% com a excisão cilíndrica da peça cirúrgica; associada à preservação esfincteriana (TaTME, Lacy, 2010), tornou‐se padrão‐ouro em abordagens em tumores de reto inferior, proporciona melhor qualidade de vida aos pacientes.