Introdução: A exenteração pélvica é uma cirurgia radical utilizada na tentativa de curar pacientes com neoplasias pélvicas localmente avançadas. Dados publicados mostram que a ressecção radical pode atingir uma ressecção completa do tumor e pode aumentar a sobrevida.
Descrição: Paciente A.M.S., 36 anos, há 4 meses com enterorragia e dor abdominal. Após colonoscopia, em 2013, evoluiu com abdome agudo obstrutivo sendo submetido à laparotomia exploradora, visualizando lesão endurecida em reto e implantes hepáticos sendo realizado colostomia e biópsia, diagnosticando adenocarcinoma. Colonoscopia apresentava lesão úlcero infiltrante estenosante 5cm da linha pectínea. Tomografia evidenciava nódulos hepáticos em segmentos VIII e II e espessamento parietal do reto. CEA de 2,29 e K‐ras+. Iniciado FOLFIRI e CETUXIMABE. Em 2014, efetuado ressecção das lesões hepáticas e colecistectomia, cujo anatomopatológico foi depósito de mucina e colecistite. Introduzido XELODA, radioterapia e, em 2014, realizado retossigmoidectomia e ileostomia, com anatomopatológico de adenocarcinoma T3NXM1. Iniciado XELOX e realizado fechamento da ileostomia em 2016. Em 2018 apresentou diarréia, efetuando: Colonoscopia normal, CEA 1,11, RNM com lesão expansiva e heterogênea, 5cm da borda anal, em parede anterior de reto médio, estendendo‐se ao espaço retovesical, envolvendo ureter esquerdo e PET com lesão expansiva hipermetabólica no espaço para‐retal anterior esquerdo, sendo submetido a exenteração pélvica.
Discussão: A exenteração pélvica total é uma cirurgia radical podendo ser a única opção curativa para neoplasias pélvicas localmente avançadas ou recorrentes, incluindo cânceres ginecológicos, colorretais e urinários, estando associada a alta morbimortalidade. A neoplasia localmente avançada produz sintomas incapacitantes e redução da qualidade de vida e aproximadamente 10% de todo o câncer retal baixo precisa de ressecção cirúrgica estendida a outras estruturas pélvicas. A indicação para ressecção estendida deve ser de acordo com um estadiamento pré‐operatório sistêmico e local, não havendo exenteração padrão adequada a todos os pacientes devido as variações das características do tumor.
Conclusão: A exenteração pélvica é uma operação agressiva que tenta curar cirurgicamente pacientes com neoplasias pélvicas localmente avançadas. A ressecção de múltiplos órgãos e a morbidade associada requerem cuidados na seleção de pacientes para que os benefícios da cirurgia superem seus riscos.