Objetivo: Avaliar a correlação entre a presença de focos de endometiose no apêndice cecal, no íleo terminal e no ceco.
Método: Estudo retrospectivo por meio da análise dos prontuários pacientes submetidas a videolaparoscopia para o tratamento de endometriose profunda intestinal no Centro de Excelência em Endometriose de Brasília, no período entre janeiro de 2007 e janeiro de 2018. Foram incluídas no estudo pacientes que apresentavam sintomas como dor pélvica, infertilidade ou ambos, e que tiveram a visualização de lesões sugestivas de endometriose nos exames de ressonância magnética ou ultrassom transvaginal com preparo intestinal. A análise estatestica foi realizada no software IBM SPSS Statistics 25 com o teste qui‐quadrado e resultados com p < 0,05 foram considerados estatisticamente significantes.
Resultados: Foram incluídas 372 mulheres com média de idade de 34 anos (desvio padrão de 5,9 anos). Os exames de imagem previram a presença de endometriose no apêndice em apenas um caso no qual havia espessamento da ponta do órgão visto à ressonãncia magnética. Em todos os outros o achado foi intraoperatório e observado durante a laparoscopia e inspeção de toda a cavidade abdominal.58 pacientes (15,6%) apresentaram focos de endometriose no apêndice, 24 (6,4%) tiveram lesões no íleo e 16 (4,3%) no ceco. Todas as lesões foram removidas durante o procedimento laparoscópico. Após análise estatística observamos que quando há lesão de apêndice há maior probabilidade de também haver lesão ileal (OR de 11,82), o que também foi observado para o ceco (OR 14,46).
Conclusão: O apêncide cecal é sítio frequente de implantação de endometriose profunda e deve ser inspecionado sempre que se realizar laparoscopia para o tratamento de endometriose, e quando encontrado o ceco e o íleo terminal também devem ser avaliados, pois há grande probabilidade de se encontrar também focos endometrióticos no ceco e no íleo terminal.