Área: Miscelâneas
Categoria: Relatos de caso
Forma de Apresentação: Pôster
Objetivo(s): Relatar um caso de complicação rara ‐ fasceite necrotizante pós hemorroidectomia.
Introdução: A fasceíte necrotizante da região do períneo, também conhecida como gangrena de Fournier, é uma condição rara, caracterizada por necrose tecidual de rápida progressão e agressiva, com altos índices de mortalidade. Foi descrita pela primeira vez em 1883 com três características principais: início abrupto em pacientes jovens, progressão rápida e ausência de um agente causador. Hoje sabe‐se que a ocorrência da gangrena de Fournier está frequentemente associada a infecções da região ano‐retal, genitourinária e traumas.
Descrição do caso: Paciente do sexo feminino, 64 anos, hipertensa, submetida a hemorroidectomia sob raquianestesia+sedação em regime ambulatorial, recebendo alta 4horas após o procedimento. Relata ter iniciado com febre e dor perineal intensa no 1o dia de pós operatório, mas só procurou atendimento no 5o dia. A admissão apresentava‐se com sinais de toxemia como taquicardia e hipotensão, exames laboratoriais com leucocitose importante e acidose metabólica e ao exame físico grande área de hiperemia e enduramento que ia desde a região perianal até o grande lábio esquerdo. Foi então encaminhada ao bloco cirúrgico ontem foi submetida a debridamento extenso e início de antibioticoterapia de amplo espectro. Devido a perfuração identificada no reto, foi optado pela colocação de um seton. No 5O dia após a abordagem, foi optado por um segundo debridamento devido a extensão da área de necrose para a região inguinal. A paciente evoluiu bem e recebeu alta no 50o DIH. Quarenta e cinco dias após a alta, foi reabordada para correção da fístula perianal que se formou com a colocação do seton. Realizado debridamento extenso e colocação de um sedenho cortante. Paciente evoluiu bem no pós operatório, segue em acompanhamento no ambulatório do serviço.
Discussão: A gangrena de fournier no pós operatório é extremamente rara. Os procedimentos cirúrgicos mais associados ao seu surgimento são herniorrafia, hidrocelectomia, biópsia transretal de próstata, orquiectomia, drenagem de abscesso perianal e vasectomia. A infecção geralmente está associada a uma infecção polimicrobiana, com bactérias gram positivas (estafilococos, estreptococos, esterococos e clostridium), gram negativas (escrecichia coli, proteus, klesbiella, pseudômonas), anaeróbias e fungos. A ocorrência é mais comum em pacientes diabéticos, alcoólatras e imunossuprimidos. O tratamento deve ser composto por debridamento amplo e, se necessário, sequencial, antibioticoterapia de amplo espectro e internação em terapia intensiva. Quando disponível a oxigenoterapia hiperbárica contribui com a remoção de exsudatos, estimulação da angiogênese e redução da contaminação bacteriana, reduzindo o tempo de recuperação. A reconstrução com enxerto e retalhos deve ser individualizada.
Conclusão: A intervenção precoce e a abordagem multidisciplinar são os principais fatores determinantes na redução da morbimortalidade.